Record (Portugal)

ZONA JONAS

Brasileiro marcou os dois golos do triunfo que dá a liderança ao Benfica. V. Guimarães fechou bem os espaços mas foi macio na frente

- CRÓNICA DE SÉRGIO KRITHINAS

O Benfica lidera provisoria­mente o campeonato e essa é a melhor notícia para os encarnados que sai do jogo de ontem. A vitória por 2-0 sobre o V. Guimarães foi justa e tranquila, sobretudo porque o rival raramente quis mais do que tentar controlar o adversário, mas a exibição dos homens de Rui Vitória esteve longe de ser fulgurante. Valeu Jonas, como de costume, com a ajuda também habitual de Raúl Jiménez, mais uma vez saído do banco para ajudar a resolver. Com Rúben Dias recuperado, o Benfica apresentou-se com o onze que tem sido o titular nas últimas semanas, confiando a Rafa, Pizzi, Zivkovic e Cervi a missão de alimentar um impression­ante matador chamado Jonas. Mesmo sem estar muito envolvido no jogo, o brasileiro marcou os dois golos e ainda emprestou pinceladas de classe pura a dois ou três lances – aquela combinação com Pizzi, logo aos 19’, mostra bem de que material é feito o camisola 10 dos encarnados.

José Peseiro apresentou-se na Luz com a lição muito bem estudada, encurtando os espaços entre as linhas média e a defensiva, a zona onde o Benfica costuma ser letal. Assim, os criativos das águias raramente encararam a baliza contrária com a bola controlada e espaço. Na frente, o Vitória confiou na velocidade de Heldon e Raphinha, quase sempre pouco apoiados e a receber difíceis passes longos, para aproveitar o espaço nas costas da naturalmen­te subida defesa dos encarnados – acabou por ver os seus avançados caírem vezes de mais na armadilha do fora-de-jogo. O Vitória ainda ameaçou, sobretudo na primeira parte, mas acabou por não fazer mais do que cócegas, terminando o jogo com apenas três remates, contando um canto direto e um livre de Mattheus Oliveira. Com o jogo atado, acabou por ser um erro de João Aurélio a inclinar a partida para o Benfica. Quando já cheirava a intervalo na Luz, o lateral-direito jogou a bola com o braço na grande área. Penálti muito contestado pelos jogadores e banco do Vitória, mas que Carlos Xistra confirmou na TV. Indiferent­e ao ruído, Jonas marcou com segurança, afastando os pedregulho­s que o adversário estava a colocar no caminho.

Raúl não gosta de simplifica­r

Mesmo a perder, os minhotos nada mudaram após o intervalo. Continuara­m a anular os espaços ao Benfica, cujos maiores desequilíb­rios nesta fase foram criados pelas diagonais de Grimaldo, quase sempre servido por Zivkovic,

um craque que cresce de jogo para jogo. Perante um adversário que continuava encolhido e à ‘pesca’ com a velocidade de Raphinha, o Benfica também não se mostrou disponível para arriscar muito. Apesar de manter o controlo quase absoluto das operações, as águias viveram aqueles minutos no fio da navalha, pois o futebol já nos ensinou a todos que um golo pode nascer de... nada. Vitória não inventou e lançou Raúl Jiménez – foi suplente utilizado em 26 das 28 jornadas! –, tirando Cervi, e colocando a equipa em 4x4x2. O mexicano deu uma nova dimensão física ao ataque do Benfica, levando a diversos desposicio­namentos do meio-campo defensivo dos vimaranens­es. Num desses lances, Zivkovic teve espaço e lançou o mexicano já na área. O passe saiu ligeiramen­te mais longo do que o ideal, mas ainda assim daria para o camisa 9 cruzar de pé esquerdo. Este, como não parece gostar de coisas simples, foi lá de letra. A bola subiu e foi direitinha à cabeça de Jonas, que empurrou para o 2-0 e para o fecho de contas. Com os três pontos e a liderança no bolso, colocando pressão sobre os dois rivais, o Benfica pôde respirar fundo, desperdiça­ndo mais um par de ocasiões para marcar. *

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