ZONA JONAS
Brasileiro marcou os dois golos do triunfo que dá a liderança ao Benfica. V. Guimarães fechou bem os espaços mas foi macio na frente
O Benfica lidera provisoriamente o campeonato e essa é a melhor notícia para os encarnados que sai do jogo de ontem. A vitória por 2-0 sobre o V. Guimarães foi justa e tranquila, sobretudo porque o rival raramente quis mais do que tentar controlar o adversário, mas a exibição dos homens de Rui Vitória esteve longe de ser fulgurante. Valeu Jonas, como de costume, com a ajuda também habitual de Raúl Jiménez, mais uma vez saído do banco para ajudar a resolver. Com Rúben Dias recuperado, o Benfica apresentou-se com o onze que tem sido o titular nas últimas semanas, confiando a Rafa, Pizzi, Zivkovic e Cervi a missão de alimentar um impressionante matador chamado Jonas. Mesmo sem estar muito envolvido no jogo, o brasileiro marcou os dois golos e ainda emprestou pinceladas de classe pura a dois ou três lances – aquela combinação com Pizzi, logo aos 19’, mostra bem de que material é feito o camisola 10 dos encarnados.
José Peseiro apresentou-se na Luz com a lição muito bem estudada, encurtando os espaços entre as linhas média e a defensiva, a zona onde o Benfica costuma ser letal. Assim, os criativos das águias raramente encararam a baliza contrária com a bola controlada e espaço. Na frente, o Vitória confiou na velocidade de Heldon e Raphinha, quase sempre pouco apoiados e a receber difíceis passes longos, para aproveitar o espaço nas costas da naturalmente subida defesa dos encarnados – acabou por ver os seus avançados caírem vezes de mais na armadilha do fora-de-jogo. O Vitória ainda ameaçou, sobretudo na primeira parte, mas acabou por não fazer mais do que cócegas, terminando o jogo com apenas três remates, contando um canto direto e um livre de Mattheus Oliveira. Com o jogo atado, acabou por ser um erro de João Aurélio a inclinar a partida para o Benfica. Quando já cheirava a intervalo na Luz, o lateral-direito jogou a bola com o braço na grande área. Penálti muito contestado pelos jogadores e banco do Vitória, mas que Carlos Xistra confirmou na TV. Indiferente ao ruído, Jonas marcou com segurança, afastando os pedregulhos que o adversário estava a colocar no caminho.
Raúl não gosta de simplificar
Mesmo a perder, os minhotos nada mudaram após o intervalo. Continuaram a anular os espaços ao Benfica, cujos maiores desequilíbrios nesta fase foram criados pelas diagonais de Grimaldo, quase sempre servido por Zivkovic,
um craque que cresce de jogo para jogo. Perante um adversário que continuava encolhido e à ‘pesca’ com a velocidade de Raphinha, o Benfica também não se mostrou disponível para arriscar muito. Apesar de manter o controlo quase absoluto das operações, as águias viveram aqueles minutos no fio da navalha, pois o futebol já nos ensinou a todos que um golo pode nascer de... nada. Vitória não inventou e lançou Raúl Jiménez – foi suplente utilizado em 26 das 28 jornadas! –, tirando Cervi, e colocando a equipa em 4x4x2. O mexicano deu uma nova dimensão física ao ataque do Benfica, levando a diversos desposicionamentos do meio-campo defensivo dos vimaranenses. Num desses lances, Zivkovic teve espaço e lançou o mexicano já na área. O passe saiu ligeiramente mais longo do que o ideal, mas ainda assim daria para o camisa 9 cruzar de pé esquerdo. Este, como não parece gostar de coisas simples, foi lá de letra. A bola subiu e foi direitinha à cabeça de Jonas, que empurrou para o 2-0 e para o fecho de contas. Com os três pontos e a liderança no bolso, colocando pressão sobre os dois rivais, o Benfica pôde respirar fundo, desperdiçando mais um par de ocasiões para marcar. *