Record (Portugal)

VIEIRA E BRUNO NÃO SE FALARAM

NO PARLAMENTO NA CONFERÊNCI­A VIOLÊNCIA NO DESPORTO

- ANDRÉ FERREIRA E PAULO JORGE ROCHA

PRESIDENTE DO BENFICA ASSISTIU SEM COMENTÁRIO­S

LÍDER DO SPORTING DISPAROU SOBRE VÁRIOS ALVOS

A manhã foi agitada na Sala do Senado, na Assembleia da República. Bruno de Carvalho foi uma das figuras – se não a principal – de uma conferênci­a parlamenta­r subordinad­a ao tema ‘Violência no Desporto’. Depois de cada painel e durante a fase de debate, o presidente do Sporting pediu sempre para intervir e apontou em todas as direções.

“Mais importante­s do que os jogadores e os treinadore­s são os clubes. Se não fosse pelos clubes, vocês não se sentavam aí. Os clubes estão a ser o único garante de que o futebol ainda tem adeptos, porque as entidades que regulam o futebol estão a afastá-los. A culpa não está do lado de cá, tem de estar desse lado”, apontou Bruno de Carvalho que não deixou os partidos e o Governo longe das críticas. “É engraçado que não vejo um pacto entre os partidos para chegarmos a coisas tão essenciais como os hospitais, mas os clubes têm de fazer um pacto entre si, o que os partidos não conseguem, e isso sim lesa o bolso dos portuguese­s. Ouvi também falar em populismo e isso é um fenómeno que cruza desporto e política”, frisou. Com as várias investigaç­ões que decorrem no futebol português, “um momento crucial”, Bruno de Carvalho pede para que se deixe “a justiça atuar com calma”, apontando os programas televisivo­s como “lixo tóxico”.

“Não é o que diz o presidente A ou B que traz violência. Estamos mais focados no acessório e nas consequênc­ias do que na causa das coisas. Se fosse presidente da Liga uma coisa que proporia era que durante duas semanas os presidente dos clubes não falassem”, ironizou.

Benfica na mira

Com representa­ntes de Conselho Superior da Magis t r at ur a, Minis té rio Públic o , Políc ia de S e - gurança Pública (PSP) e Guarda Nac io nal Re p ub lic ana ( GNR) no p aine l, B r uno de C ar valho apontou a mira... ao Benfica, de fo rma implícita. A ligação a claques não legalizada­s e a aparente inação judicial foram referidas pelo presidente do Sporting. “Há uma investigaç­ão que demorou quase um ano, séria, que teve por base a audição de comandante­s da polícia e onde foi verificado claramente o apoio de um clube a uma claque ilegal. E a verdade é que foi arquivado”, afirmou, mencionand­o a entrada de artefactos pirotécnic­os em recin- tos desportivo­s como o exemplo da prática de um crime. “Tarjas em campos de futebol e em pavilhões – em que a desculpa dada pelo clube é que a polícia não as foi retirar –, e estamos a falar de tarjas como ‘Foi no Jamor que o lagarto ardeu, foi o very-light?’ e não vou dizer o resto. O presidente desse clube disse que não pode fazer nada porque foi a própria polícia que disse que a intervençã­o não podia ser feita”, frisou, numa altura em que Luís Filipe Vieira já abandonara a Sala do Senado.

Tensão e... ‘birra’

Marco Ficini, adepto da Fiorentina e do Sporting, que no dia 24 de abril de 2017 morreu junto ao Es- tádio da Luz, também foi relembrado por Bruno de Carvalho. “Temos situações em que um adepto é morto e, logo de seguida, aquilo que é dito é: ‘O que é que estava o adepto ali a fazer?’ Temos situações de tochas enviadas para cima de crianças e idosos num jogo...”

E foi neste momento que Bruno

“NÃO É O QUE DIZ O PRESIDENTE A OU B QUE TRAZ VIOLÊNCIA, ESTAMOS MAIS FOCADOS NO ACESSÓRIO DO QUE NA CAUSA ”

“INVESTIGAÇ­ÃO COM BASE EM AUDIÇÃO A COMANDANTE­S DA POLÍCIA MOSTROUAPO­IO DE UM CLUBE A UMA CLAQUE ILEGAL”

de Carvalho foi interrompi­do. O presidente leonino levava cerca de quatro minutos e meio de intervençã­o e, depois de avisado quanto ao tempo que estaria a demorar, perguntou: “Vai tirar-me a palavra? Ao fim de quatro minutos?” A resposta de José Manuel Ribeiro foi imediata: “Tem 10 segundos, senão passo ao seguinte.” Momento de tensão na sala. Foram cinco segundos de silêncio total e Bruno de Carvalho... desligou o microfone e calouse. Pelo menos, até ao debate do terceiro painel.

No painel ‘Que papel para a comunicaçã­o social’, o presidente do Sporting não deixou de criticar a lei que protege os jornalista­s. “Não percebo. Falam em segurança. E a minha segurança? Divulgaram a minha morada e a minha família todos os dias é ameaçada”, disparou. *

 ??  ?? INTERVENTI­VO. Presidente do Sporting não desperdiço­u o debate na Assembleia da República para disparar em várias direções
INTERVENTI­VO. Presidente do Sporting não desperdiço­u o debate na Assembleia da República para disparar em várias direções
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal