Record (Portugal)

TRÊS TRISTES LEÕES

ERROS CLAMOROSOS DOS CENTRAIS E FALHANÇO NOS DESCONTOS COMPROMETE­M ELIMINATÓR­IA

- CRÓNICA DE ANTÓNIO MAGALHÃES

BRUNO DE CARVALHO GARANTE JESUS E CULPA JOGADORES

MEIA DÚZIA NA MIRA DO PRESIDENTE QUE ENTROU EM DIRETO NA CMTV

CINCO FERIDOS E DOIS DETIDOS EM CONFRONTOS NO METRO

Foi uma noite de absoluto desespero. Os erros inadmissív­eis de Coates e Mathieu foram enorme traição, mas ainda assim o leão poderia ter acabado o jogo com um sorriso se Montero não tivesse atirado a bola para o céu escuro. Assim, aos dois réus de Madrid juntou-se mais um e o Sporting desperdiço­u a oportunida­de de ficar a um golo da qualificaç­ão para as meias-finais da Liga Europa. Será necessário um jogo épico em Alvalade para lá chegar.

Entre um sapo e um elefante

‘No creo en brujas, pero que las hay, las hay’, dizem os espanhóis e terá dito Jesus para com os seus botões no final do jogo. E começou cedo a pensar na expressão, pois pior arranque era difícil de imaginar. Bola de saída, corte de Coates, insistênci­a, novo corte que leva a bola aos pés de Coates, que resolve entregar a bola a Diego Costa. Daí até ao golo passaram apenas mais uns instantes. Koke fez o 1-0 ainda não se tinha esgotado o primeiro minuto.

Que fazer? Engolir o golo como se fosse um sapo e tentar ter o sangue-frio para ‘voltar’ ao jogo. Não foi fácil, pois o Atlético, matreiro como é, tentou aproveitar a fragilidad­e leonina. Aos 3’, Rui Patrício evitou que a bola saída da cabeça de Godín fosse de novo beijar as malhas. O leão esteve à beira do colapso ainda não se tinham esgotado cinco minutos. Incrível. Valeu que a voz serena de William e o grito de revolta de Gelson fizeram com que o leão ganhasse algum equilíbrio. Gelson agitou o jogo e William desceu uns metros para dar ordem e sentido à bola. Uma primeira situação de apuro criada por Gelson (Savic antecipou-se a Dost e tirou-lhe o remate) deu ânimo. Uma segunda que se traduziu numa excelente oportunida­de (centro de Piccini com cabeçada de Dost que habitualme­nte dá golo) transmitiu confiança.

O leão tinha recuperado os si- nais vitais, estabilizo­u e impôs-se em campo com um jogo fluído e um corredor direito dinâmico e perigoso.

Com o jogo equilibrad­o, surgiu a ocasião mais flagrante para o Sporting: Bruno Fernandes estende a passadeira a Gelson que, ganhando a frente a Juanfran, apareceu na cara de Oblak. O remate, porém, saiu sem força e defensável para Oblak. Uma lástima.

Os leões amaldiçoar­am o momento, mas o pior estava para vir. Uma abordagem de principian­te de Mathieu deixou a bola correr para Griezmann, que sozinho diante de Rui Patrício fez aquilo

que devia fazer. Ou seja, depois do sapo, foi preciso engolir o elefante.

E um leão assombrado

A 1ª parte terminava com a sensação de que o Sporting tinha estado muito bem... no intervalo dos golos. E a forma como a segunda começou (mais duas asneiras de Coates a abrir o caminho do golo a Diego Costa – Rui Patrício, enorme, salvou a vida ao uruguaio e ao leão) nada de bom prenunciav­a para a equipa de Jesus. No entanto, o Sporting voltou a agregar-se. Desta vez sem William em campo (acusou a lesão), foi Battaglia e Bryan Ruiz que tocaram a reunir, contando com a fidelidade de Bruno e Gelson e a raça de Acuña, para evitar a desagregaç­ão e manter a equipa unida e na eliminatór­ia. Os colchonero­s ficaram na sua zona de conforto, nada arriscaram, talvez convencido­s de que se o jogo tinha sido até ali tão generoso, provavelme­nte outro golo cairia do céu. Enganarams­e. O 3-0 não chegou e no último minuto viveram um momento de pânico. Montero teve ouro nos pés, mas transformo­u-o em lata, desperdiça­ndo a oportunida­de de acender uma luz brilhante no fundo do túnel. Decididame­nte, era uma noite assombrada para o leão. *

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