Record (Portugal)

Um mal nunca vem só

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maio de 2015. Há, por isso, outro ponto do comunicado onde se avisa que a SAD irá propor o adiamento do reembolso de 30 milhões de euros de maio para novembro, ou até mais tarde. Ou seja, a SAD não será capaz de pagar a horas. Para que este adiamento se materializ­e será necessário que uma maioria dos investidor­es que compraram aquelas obrigações aceitem, numa assembleia convocada para o efeito, receber mais tarde. Não havendo fundos alternativ­os para o pagamento, é o que acontecerá.

Ainda que existindo estas circunstân­cias objetivas, o resto do comunicado da SAD é essencialm­ente um exercício de chantagem e pressão. Numa linha, o sumário do texto podia ser: a convocatór­ia de uma assembleia geral em desafio à atual liderança prejudicar­á de forma grave a situação financeira do Sporting. Por isso, opositores, abstenhams­e de o fazer.

O recado tem entre os destinatár­ios o maior acionista da SAD, Álvaro Sobrinho, que através da Holdimo emitiu um comunicado a defender a realização de uma assembleia geral, mostrando preocupaçã­o com o “prejuízo para os ativos da sociedade”. Bruno Carvalho devolve a acusação: quem quer prejudicar o clube é quem pede a reunião magna.

A verdade é que até ao momento, e pese embora a enxurrada de declaraçõe­s nesse sentido, não está oficialmen­te convocada qualquer assembleia geral de acionistas.

Sendo verdade que a instabilid­ade prejudica a emissão de dívida, querer fazer-nos acreditar que ela se deve não às ações do próprio presidente mas a “tomadas de posição públicas por terceiros” é um ato de propaganda estéril. Ninguém tem dúvidas sobre o epicentro do terramoto que abala Alvalade.

VENDER 30 M€ EM DÍVIDA DE UM CLUBE SEM REI NEM ROQUE É UMA TAREFA IMPOSSÍVEL

O que os sportingui­stas descobrira­m é que Bruno de Carvalho, que conseguiu até lucros recorde e uma expressiva redução da dívida, não só fragilizou a capacidade competitiv­a de uma equipa ainda com títulos para disputar como expôs o clube e a SAD a uma incerteza financeira desnecessá­ria. Dois males, e dos grandes, de uma assentada.

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