“O SÉRGIO É MEU AMIGO MAS... QUE GANHE O MELHOR”
Que recordações temdos clássicos que disputou entre Benfica e FC Porto?
EDGARAS JANKAUSKAS – Foram os jogos mais escaldantes da minha carreira. Joguei dérbis do País Basco, entre Real Sociedad e Athletic Bilbao, e ainda defrontei o Anderlecht pelo Club Brugge, mas nenhum jogo era tão agressivo como um Benfica-FC Porto. Nem um Real Madrid-Barcelona! Já no Benfica, chegámos ao Estádio das Antas para jogar e fomos apedrejados. O autocarro ficou com alguns vidros partidos e isso assustou-me. São sempre grandes jogos, em particular na situação atual, em que as duas equipas estão tão próximas. Pode ser realmente decisivo para as contas do título.
Vai conseguir acompanhar o jogo de domingo?
EJ – Não consigo ver jogos em dire- to, mas tento acompanhar os clássicos e os dérbis. Estou a par dos resultados porque sou um grande fã do futebol português. A classificação está ao rubro, mas o Sérgio Conceição é meu amigo, foi meu colega e estou a torcer por ele. Mas são as duas melhores equipas do país, lutam sempre por títulos e espero que ganhe o melhor.
Que diferenças encontrou no FC Porto relativamente ao Benfica quando trocou as águias pelos dragões em 2002/03?
EJ – Joguei no Benfica numa altura muito complicada no clube. A organização não era a melhor e havia uma transição na liderança. Quando cheguei ao FC Porto, tudo funcionava como um relógio, era uma máquina. Mas a verdade é que, com o novo presidente, o Benfica melhorou muito e tornou-se num clube de topo na Europa, com excelentes condições. Não há uma grande diferença agora entre os dois, porque têm estádios fantásticos e bons centros de treino.
Viveu os melhores momentos da carreira no FC Porto?
EJ – Sim, claro, foram anos de muito sucesso, com vários títulos con- quistados. A equipa tinha um grande espírito, um excelente treinador e o presidente estava lá sempre para nós. Sentíamos esse apoio e isso ajuda a obter resultados.
Treinar com José Mourinho foi uma experiência positiva, até tendo emcontaque agoraé selecionador da Lituânia?
EJ – Foi uma experiência fabulosa. Conheci o José quando ele estava a começar a carreira. Era um treinador jovem e muito humilde, mas já tinha um grande talento e sabia como unir o grupo. Foi aí que co- meçou o nosso sucesso.
No Benfica foi treinado por Jesualdo Ferreira. Recorda-se da maneira como ele trabalhava?
EJ – Fez um bom trabalho com aquela equipa. As circunstâncias eram muito complicadas, mas ele lidou muito bem com tudo. Como pessoa e treinador foi um exemplo.
E Luís Filipe Vieira, que é agora o presidente do Benfica, era naquela altura diretor desportivo... EJ – Lembro-me de Luís Filipe Vieira ter falado comigo na altura em que estava a terminar o empréstimo ao Benfica. Desde então construiu uma nova equipa, um novo estádio e um novo centro de treinos. Tem feito um excelente trabalho e o facto de estar há tanto tempo à frente do clube mostra isso mesmo.
Aprimeira vez que defrontou o Benfica com a camisola do FC Porto foi especial?
EJ – Sim, mas também foi estranho. Foi no novo Estádio da Luz, com mais de 60 mil pessoas a assobiarem-me e a mandarem-me ‘bocas’. Mas faz parte do futebol e soube lidar com isso. *
“JOGUEI NO BENFICA NUMA ALTURA MUITO COMPLICADA. NO FC PORTO FUNCIONAVA TUDO COMO UM RELÓGIO” O ex-avançado lituano, de 43 anos, representou o Benfica em 2001/02 e mudou-se para o FC Porto na época seguinte. Ganhou tudo de dragão ao peito mas, no domingo, não vestirá nenhuma das camisolas