Record (Portugal)

Anotícia da morte de BdC é manifestam­ente exagerada

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Bruno de Carvalho, a fazer fé nos vários boletins clínicos emitidos por especialis­tas de natureza distinta, está doente – parece que até muito doente – e há quem anuncie já a sua morte. No cargo, claro.

Ora, eu não sou cego nem acrítico perante o que se tem passado

e torna-se evidente que o presidente do Sporting cometeu uma série de erros, muitos deles desnecessá­rios, mesmo patéticos, e é ele o responsáve­l principal pela difícil situação em que se encontra. Não sei se Bruno de Carvalho tem consciênci­a plena desse facto – é muito importante que tenha –, para ser parte da solução e não do problema.

O Sporting, instituiçã­o com mais de 100 anos, sobreviver­á,

com toda a certeza, sem a liderança atual, e talvez no lamentável jogo de bailarinos em bicos de pés dos últimos dias surja mesmo uma alternativ­a sólida e credível. Se surgir, deverá ser o próprio BdC a saber sair de cena e abrir espaço para a afirmação de um novo chefe. Mas não por decreto, procedimen­to administra­tivo ou pressão nas e das TV. O que se tem visto até agora é um desfile de notáveis – uns bafientos, outros cristãos-novos – que estão mais interessad­os em servir-se do Sporting do que em servir o Sporting. E, noutro plano, o acionista ‘de referência’ da SAD já o estará a fazer.

Mas não há homens providenci­ais.

Se quer continuar como presidente e legitimar mesmo o seu caminho, Bruno de Carvalho não precisa de ir a eleições mas tem de mudar sem perder a matriz. Tem de ter a humildade e a inteligênc­ia de mudar. Não sairá diminuído com isso. Nunca sairia, e no tempo presente, de memória tão curta, ainda menos.

Olhando para o quadro umasemana depois,

ele ainda é a melhor solução. Não a menos má. Este processo pode ser uma lição. Será capaz de a aprender? As dúvidas são legítimas, mas cabe-lhe responder inequivoca­mente. No imediato necessita de paz (verdadeira e não podre) com a equipa de futebol – e deu um passo sensato –, necessita de desenhar e anunciar um novo projeto para esta área-chave do clube – com Jorge Jesus –, e em termos gerais redefinir o modelo da gestão do Sporting de modo a torná-lo mais profission­al e menos presidenci­al. Não é apenas deixar o Facebook.

O próximo passo é umpedido de desculpas aos sócios.

Sem ressentime­ntos. Se analisarmo­s o percurso de cinco anos como presidente do Sporting, e admitindo que possa estar ao mesmo tempo a viver uma situação emocional complexa – é difícil imaginar BdC a praticar um exercício de ‘mea culpa’. E há respeitado­s analistas que não acreditam que ele seja capaz de o fazer. É a natureza dele, insistem.

Pois, sejamos pragmático­s:

ou o faz e tem futuro ou se mantém no seu labirinto e ficará na história como alguém que, após ter recuperado o clube, deitou tudo a perder. É simples.

O PRESIDENTE DO SPORTING OU PEDE DESCULPA AOS SÓCIOS E TEM FUTURO, OU FICARÁ NA HISTÓRIA COMO ALGUÉM QUE, APÓS TER RECUPERADO O CLUBE, DEITOU TUDO A PERDER

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SUCESSÃO? O que se tem visto é um conjunto de intervençõ­es de notáveis, alguns deles bafientos, mais interessad­os em servir-se do Sporting do que em servir o Sporting

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