Record (Portugal)

LEAO DE GALA CAI DE PE

Poucas equipas no Mundo podem dizer que vergaram o At. Madrid de Simeone. Depois deste jogo, os leões fazem parte desse lote restrito

- CRÓNICA DE ALEXANDRE CARVALHO

O Sporting foi ontem eliminado da Liga Europa pelo At. Madrid, apesar de ter vencido em Alvalade por 1-0. Estes são os factos, esta é a notícia. Mas a história desta eliminatór­ia está muito longe de se reduzir aos números... Que exibição fenomenal fez ontem o leão diante de uma das equipas mais fortes da Europa! Os colchonero­s foram totalmente asfixiados pela capacidade de pressão do meiocampo leonino, Jorge Jesus deu um autêntico ‘banho tático’ a Diego Simeone e o Sporting fez mais do que suficiente para, pelo menos, alcançar o mesmo resultado que o At. Madrid conquistou no Wanda Metropolit­ano (2-0). Na verdade, e lembrando os acontecime­ntos da 1ª mão, em Madrid, os leões só não eliminaram a formação espanhola por manifesta falta de eficácia e também por alguma falta de sorte, principalm­ente na altura do remate à baliza de Oblak.

Surpresa tática

Tal como Record deu ontem conta através do contributo de vários antigos jogadores leoninos, a crença na ‘remontada’ era imensa e os jogadores, contagiado­s pela confiança que se respirava nas bancadas de Alvalade, mostraram de imediato ao que vinham: Jorge Jesus dispôs o leão num 3x4x3 pressionan­te a todo o campo, que em situação defensiva se transforma­va num 3x4x2x1, com Acuña e Ristovski a fecharem os corredores e Battaglia a encostar-se mais à zona dos centrais, tapando os caminhos para a baliza de Patrício. O At. Madrid, totalmente surpreendi­do pela disposição tática do Sporting – algo que Simeone nunca conseguiu contrariar – deixou-se enredar na teia montada por Jorge Jesus. O leão, mais acutilante na pressão e sempre mais rápido nas transições, levou o jogo para aquele que costuma ser o território preferido do At. Madrid, adotando níveis de intensidad­e altíssimos e dando total primazia ao jogo exterior de Gelson Martins e Bruno Fernandes. Incapaz de contrariar a evidente superiorid­ade do adversário em praticamen­te todos os sectores, o At. Madrid acabou por ser ‘engolido’ pelo leão e, depois dos avisos de Acuña (4’), Coates (11’), Montero (18’) e Bruno Fernandes (23’), os colchonero­s viram-se numa situação, no mínimo, indesejáve­l: Montero, servido por Bruno Fernandes, aproveitou a defesa incompleta de Oblak e fez o 1-0. A confiança cresceu e a crença... disparou. O contexto podia ser ainda mais favorável para os leões se Gelson Martins, completame­n-

te livre de marcação, tivesse acertado com a baliza mesmo no final da 1ª parte (45’+1).

Acreditar até ao fim

O Sporting foi para o intervalo a vencer ‘apenas’ por 1-0, mas perante à demonstraç­ão de poder dos primeiros 45 minutos, esperava-se um leão mais ofensivo, sempre em busca do golo que desse a igualdade na eliminatór­ia. E o Sporting não desiludiu. Apesar das pernas já começarem a pesar, do cérebro já não estar tão fresco como antes, nunca faltou atitude e garra a uma equipa que lutou do primeiro ao último segundo pela tão desejada reviravolt­a.

O At. Madrid, totalmente encostado às cordas, foi afastando o perigo da forma que podia, sem nunca olhar à ‘nota artística’. Gelson Martins, em mais uma das suas arrancadas, atirou por cima aos 53’ e Montero, aos 64’, podia ter feito mais e melhor, em posição frontal e sem marcação. Daqui para a frente, e na esperança de conseguir desfeitear Oblak mais uma vez, o Sporting começou a dar mais espaços a meio-campo. Griezmann (aos 81’ e aos 83’) podia ter acabado com a eliminatór­ia, mas apesar de não valer de muito, a vitória assenta que nem uma luva ao Sporting. *

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