Record (Portugal)

Os abutres do Sporting

- Rui Calafate Consultor de comunicaçã­o

O SPORTING AINDA TEM UM BOMBEIRO, JAIME MARTA SOARES, QUE É UM INCENDIÁRI­O JOSÉ MARIA RICCIARDI DECIDIU DAR O ABRAÇO DE JIBÓIA A BRUNO DE CARVALHO E FOI O PRIMEIRO A APUNHALÁ-LO COMO BRUTUS

O líder da oposição a Bruno de Carvalho chama-se Bruno de Carvalho. Todo este psicodrama da última semana, sejamos sérios, tem um responsáve­l: o próprio presidente. O homem que se expõe demasiado e comete erros comunicaci­onais perfeitame­nte inauditos levou a que a sua base de apoio se degradasse em 72 horas, pondo em risco um trabalho que tem muitos aspectos positivos e que só gente injusta ou de má-fé não consegue reconhecer. O seu pecado original é que a forma, várias vezes criticável até pelos seus mais fiéis, se vem sobrepondo ao conteúdo.

Cabeaquire­lembrarque eunão

pertenço, nem pertenci, a órgãos sociais do clube, nunca lá trabalhei, não frequento os corredores de Alvalade, nunca integrei comissões de honra nem conselhos leoninos, não boto discursos na Sporting TV, não ando em jantares conspirati­vos, grupinhos ou chás das tias. Em suma, não sou da Situação nem da Oposição, sou o mero sócio 5.694, digo e escrevo o que me apetece, logo, não tenho pejo nenhum em tocar a rebate contra as hienas.

Acarniçanã­o estáexpost­aa

céuaberto e devia haver mais respeito institucio­nal por um homem que até pode estar num mau momento (não sei, porque não falo com ele), que foi eleito pela grande maioria dos sócios e que lhe renovaram a confiança em eleições e assembleia geral. Para quem já se esqueceu, enquanto afiava as facas para a degola, o Sporting tem um presidente em pleno direito, e se tem condições para continuar isso vai depender da sua consciênci­a e vontade neste momento.

Oquemeirri­tasoleneme­nte éa

tragicoméd­ia de décadas: qualquer crise no Sporting é aproveitad­a pelos abutres, urubus, pavões, desemprega­dos, reformados e bichos-caretas para apare- cerem. Oportunist­as como sempre, sequiosos do protagonis­mo que não têm nas suas vidas profission­ais. Os ditos notáveis que, para a esmagadora maioria dos sportingui­stas, não passam de nata do entulho, deviam ter vergonha e estar calados porque nos momentos difíceis a melhor maneira de apoiar é com o silêncio e não com declaraçõe­s avulsas. O expoente máximo desta falta de noção da sua importânci­a dá pelo nome de José Maria Ricciardi. Andou décadas a pôr e dispor, numa vivenda em Cascais decidia quem era o homem do leme por seu capricho como se o clube lhe pertencess­e, e até um dia Luís Figo se deslocou à estância de Courchevel para ver se obtinha a sua bênção. Depois, decidiu dar o abraço da jibóia a Bruno de Carvalho, que caiu na armadilha, esteve na sua Comissão de Honra, elogiou-o como a Júlio César e foi o primeiro a apunhalá-lo como Brutus.

E, paratermin­ar, oSportinga­indatemumb­ombeiro que é in

cendiário. Jaime Marta Soares, que um mês antes de entrar nas listas de BdC elogiava Godinho Lopes e dizia que ele devia continuar, um tipo muito credível como veem, queria marcar uma AG que seria uma guerra civil com consequênc­ias trágicas. Bruno errou muito, sem dúvida, mas a corja subsiste e a memória continua curta no Sporting Clube de Portugal, infelizmen­te para tristeza dos adeptos, o emblema mais autofágico do Mundo.

Texto escrito na antiga ortografia

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