Record (Portugal)

"SER GUARDA-REDES ESTA-ME NO SANGUE"

Coma convocatór­ia para o Mundial no horizonte, o iraniano de 24 anos, que temcomo grande inspiração o paiAbedzad­ehe… ManuelBent­o, agarrou atitularid­ade no Marítimo e acredita que é possível chegar ao 5.º lugar

- TEXTOS GONÇALO VASCONCELO­S FOTOS HÉLDER SANTOS

Surpreendi­do por ter sido promovido à titularida­de nos últimos quatro jogos, após aderrota do Marítimo na Luz?

AMIR – Eu sempre imaginei este momento desde que assinei pelo Marítimo. Na primeira entrevista que dei, disse que ia trabalhar no duro para que o dia da estreia chegasse. Sempre acreditei que quem trabalha é recompensa­do e fico feliz por ver que a equipa está numa boa fase, com o meu pequeno contributo, além dos restantes colegas.

Sofreu 5 golos nestes quatro jogos. Está dentro das expectativ­as ou esperava melhor?

A– O mais importante é que a equipa não perde há quatro jogos. Venceu três e empatou no Estoril, pelo que vamos somando pontos, que é o fundamenta­l. É um trabalho de equipa que funciona. Claro que procuro ter sempre a baliza a zeros, mas desde que ganhe não me importo de sofrer. A equipa e a felicidade dos nossos adeptos é sempre o mais importante. Lembro-me quando comecei a jogar, nas taças. Fiz seis jogos e não sofri golos emcinco, mas não seguimos em frente na Taça da Liga porque o Sporting tinha os mesmos pontos, mas melhor diferença de golos.

Apesar dos 24 anos, umdos seus traços é a confiança. É uma imagem de marca?

A – É uma das caracterís­ticas que um guarda-redes deve ter. Eu não pen- so noutras coisas pois gosto daquilo que faço e ser guarda-redes está-me no sangue. O meu pai, Ahmed Abedzadeh, foi um grande guardarede­s na seleção iraniana e sinto que foi isto que ele me passou. E aproveito cada momento. A confiança conquista-se quando se sabe o que estamos a fazer e eu trabalho duro para ser melhor a cada dia. Antes de cada jogo, projeto sempre os 90 minutos na minha cabeça, pois o futebol também é um ‘mind game’.

Considera-se melhor entre ou fora dos postes?

A – Para mim, tudo é um ponto forte e tudo é uma fraqueza. Tenho de melhorar em todos os aspetos do jogo, desde as defesas ao jogo aéreo ou no jogo de pés, que é um aspeto crucial no futebol moderno. Basta ver hoje os grandes guarda-redes, que inclusive saíram de Portugal para Inglaterra – como o Ederson – e que jogam bem com os pés. Sintome confiante nesse aspeto, que se trabalha durante a semana. Mas não quero ser só um guarda-redes bom entre os postes ou fora deles, pois exige-se que seja bom em todos os capítulos. Tento ser sempre o primeiro a chegar e o último a sair.

E como é concorrerc­omCharles, que defendeu a baliza do Marítimo durante amaiorpart­e daépoca?

A – É um bom colega, como é o Rafael (Broetto). Respeitamo-nos e aprendo sempre com todos, até com os jovens que vêm da equipa B e dos juniores. Temos uma boa competição interna e cada um vai evoluindo todos os dias e dando o melhor pelo Marítimo.

Represento­u um grande do seu país como o Persepolis e depois optou pelo Barreirens­e, do Campeonato de Portugal. Foi dar dois passos atrás para depois dar outro em frente?

A – Quando tinha 18 anos fui jogar para os Estados Unidos, no Los Angeles Blues – fui o mais jovem guarda-redes da USL, a segunda divisão – e já tinha o sonho de jogar na Europa. E, quando temos um objetivo, planeia-se cada passo. Até po- dia ter vindo diretament­e para a Europa, mas antes achei melhor voltar ao Irão – o Persepolis comprou o meu passe por cerca de 150 mil dólares – o que me permitiu jogar na seleção sub-20 e sub-23. Ganhei experiênci­a e, quando vim para o Barreirens­e, sabia que estava num escalão inferior, mas já podia mostrar a minha qualidade num novo contexto. Sempre acreditei no meu potencial e que posso jogar em grandes clubes. Quando estava no Barreirens­e já me via a jogar na Liga NOS, o que aconteceu até mais cedo do que eu pensava: quatro meses depois assinei pelo Marítimo. Foi um grande salto.

Disse um dia que se inspirava em Manuel Bento, antigo internacio­nal que defendeu as cores do Barreirens­e antes de rumar ao Benfica...

A – Alguns clubes quiseram contar comigo nessa altura, mas sigo sempre o meu feeling e quando ouvi essa história quis seguir-lhe as pisadas. Disse a mim mesmo: se Manuel Bento foi do Barreirens­e para o Benfica, eu também posso saltar para outros clubes maiores, como veio a acontecer com o Marítimo. É tudo uma questão de trabalhar e acreditar que as coisas acontecem.

O Marítimo igualou o Rio Ave no 5.º lugar. O adversário direto na luta europeia tem um calendário melhor até final?

“DISSE A MIM MESMO: SE O BENTO FOI DO BARREIRENS­E PARA O BENFICA EU TAMBÉM POSSO SALTAR PARA CLUBES MAIORES” “FC PORTO E SPORTING? PERANTE OS NOSSOS ADEPTOS JOGAMOS SEMPRE BEM E TEMOS CONSEGUIDO BONS RESULTADOS”

A – Na época passada a situação era parecida, mas havia outra oportunida­de porque o 6º lugar dava acesso à Liga Europa. Este ano pode dar o quinto e estamos apenas focados em nós. Se fizermos bem a nossa parte, não temos de olhar para os outros e ver quem está a ganhar ou a perder pontos. Vamos procurar amealhar o máximo nos cinco jogos que nos faltam, para que no final possamos sorrir.

É possível bater FC Porto e Sporting, tendo em conta o fator Barreiros?

A – Perante os nossos adeptos jogamos sempre bem e temos conseguido bons resultados perante os grandes, como sucedeu já esta época, quando empatámos com o Benfica. Esperamos continuar com esse espírito e dar mais alegrias aos maritimist­as no “caldeirão”. *

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