Record (Portugal)

S ER PAI MUDA TUDO

- JOÃO SEIXAS

Ainda não existe um miniSeixas a espalhar magia numa qualquer creche almadense, mas não deve tardar. Até lá tenho de acreditar em todos aqueles que garantem a pés juntos que a paternidad­e traz consigo uma nova aura e um novo fôlego à nossa vida. E se ser pai muda tudo na vida real, também o faz nos jogos. É essa, de resto, a chave do mais recente God of War, que chega já no dia 20 ao mercado e que é, garantidam­ente, o melhor título da histórica saga. Para além das inovações tecnológic­as que permitem um melhor rendimento gráfico e de processos ao jogo do Santa Monica Studio, a verdade é que a paternidad­e trouxe uma nova vida a Kratos, explorada na perfeição na narrativa e na interação que temos com o jogo. Acompanhad­o por Atreus, o nosso herói perde alguma da raiva latente que mantinha intacta nos outros títulos da saga. Agora pa- rece mais calmo, anda de forma mais lenta e nem sequer salta (depois de muita polémica entendese que saltar não é assim tão relevante). E isso obriga-nos a olhar e a comandar as operações de uma forma mais atenta, menos sanguinári­a e mais... familiar. Feitas as contas, temos à nossa guarda o tesouro mais importante que alguém pode ter – um filho amado. Se a isto juntarmos a mudança de câmara implementa­da neste título, ficamos com a certeza de que o passado ficou lá atrás e agora temos pela frente o God of War da modernidad­e, algo que nem sempre é possível, como vemos noutras franquias que tardam em conseguir dar o salto rumo ao fu- turo. Porque com a qualidade gráfica que temos pela frente, seria impossível manter o registo de jogo com que Kratos ‘nasceu’, ainda na velhinha PS3. Agora temos alguns dos melhores cenários já vistos na PS4 e alguns mo- mentos em que pensamos com franqueza - “Sacanas. É quase impossível fazer melhor...” Sim, porque quando entramos a sério na trama e ‘reparamos’ nos detalhes dos nossos personagen­s, só nos podemos babar. Sim, babar... com tantos pormenores deliciosos e até a excelente conjugação dos movimentos labiais com o que é dito pelos heróis.

Kratostema­companhia deAtreusno­maisrecent­e GodofWare, porisso, a sagatornou-sebemmelho­r

Uma odisseia

Outro elemento determinan­te para esta crítica recheada de elogios é a longevidad­e do jogo. Tal como foi prometido pelos responsáve­is são praticamen­te 35 horas de jogo, algo que é cada vez mais raro nesta fase de ‘todos contra todos’ no universo do Gaming. Depois de cerca de duas horas mais parecidas ao que já tínhamos visto na franquia, num caminho mais linear, somos confrontad­os com o verdadeiro arranque da trama. Muitas opções, muitos caminhos paralelos e possibilid­ades de tornar o jogo uma odisseia digna desse nome. Aqueles que esperavam apenas ‘mais’ um jogo da franquia, podem arrumar a viola no saco. Ser pai muda tudo. Mesmo quando se é o Deus da Guerra. *

TREMENDA QUALIDADE GRÁFICA E LONGEVIDAD­E FAZEM DESTE TÍTULO UM DOS FORTES CANDIDATOS A JOGO DO ANO

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