Record (Portugal)

A ORIENTE NADA DE NOVO

Encarnados procuram o pentacampe­onato e são favoritos, mas os leões acreditam em surpresa

- JOÃO PICANÇO

Dérbi lisboeta. Um jogo único no Mundo. A paixão dos que nasceram verdes e dos que não têm dúvidas que encarnado é que é. Pouco mais precisam os adeptos de Benfica e Sporting do que vencer o eterno rival. De facto, um jogo sem igual... ou então, até há um, num certo e distante local (a mais de 11 mil quilómetro­s... para se ter uma ideia, imagine quantas vezes teria de fazer a Segunda Circular para atingir essa marca) onde as paixões de leões e águias se fazem sentir. É o que acontece em Macau. Pequena porção de terra que já foi administra­da por portuguese­s e é, desde 1999, uma região administra­tiva especial da República Popular da China. Hoje, quando Lisboa ainda estiver a despertar, em Macau joga-se o dérbi, Benfica-Sporting, da 9ª jornada da Liga de Elite, a principal divisão. O jogo não vai ser na Luz, mas sim na Taipa, uma das ilhas do território. O Estádio Campo Desportivo, o maior de Macau, capaz de albergar mais de 16 mil pessoas, acolhe os jogos da 1ª Divisão e da seleção. Todos. Acaba um e começa outro. Uma das muitas curiosidad­es do futebol em Macau. Record foi à procura de alguns dos intervenie­ntes de matriz portuguesa, apesar de uma boa parte dos atletas serem chineses de Macau e macaenses – convém explicar que macaense não é uma nacionalid­ade. E só quem é nascido na terra, filho de um casal metade

chinês e metade português, é que é, de facto, macaense. Carlos Leonel Fernandes não o é. Nasceu na Madeira, mas é uma das figuras do Benfica e também da seleção local, que entretanto abraçou. Poucas horas depois de

aterrar, vindo da Coreia do Norte, onde a equipa do Benfica perdeu por 8-0 frente ao 25 de Abril (a desforra está marcada para... 25 de abril) na fase de grupos da Taça AFC, falou connosco. “Estamos ainda a lidar com isto de ter dois ou

três jogos por semana. Mas até gostamos. Nós queremos é jogar”, diz o avançado, que foi para Macau estudar e por lá ficou.

O Benfica até pode liderar o campeonato, está bem encaminhad­o para o penta (sim, o de Ma- cau também...), graças a oito vitórias em outros tantos jogos, mas do outro lado o leão quer rugir bem alto. Na época passada, o Sporting lutou para não descer. Esta temporada batalha pelos primeiros lugares. Está em quarto – são dez equipas -, com menos oito pontos do que o Benfica. Mas nada que tire a motivação aos leões do Oriente, como garante o defesa Eric Peres: “O Benfica parte como favorito. Mas nós trabalhámo­s bem esta época e deixámos uma boa réplica contra o CPK, uma das principais equipas.”

O Sporting perdeu, há duas épocas, o apoio do principal patrocinad­or, o MGM (uma das subconcess­ões de jogo de Macau, o motor económico da região). Porém, Peres acha que “o Sporting deu bem a volta” e lembra que o Benfica “vem de uma derrota, algo a que não está habituado”. Já Leonel pensa que este desaire foi um “acidente” e lembra que a equipa apresentou-se no país de Kim Jong-un “apenas com 13 jogadores”. É que alguns trabalham e não conseguira­m tirar dias. É a vida. Uma coisa é certa: o duelo pode cimentar o Benfica no topo ou mostrar que o Sporting tem uma palavra a dizer. Afinal, dérbi é dérbi. Seja na Segunda Circular ou no delta do Rio das Pérolas... *

ERIC PERES LEMBRA QUE ÁGUIAS VÊM DE UMA DERROTA NA... COREIA DO NORTE; JÁ LEONEL DIZ QUE FOI SÓ UM “ACIDENTE”

 ??  ?? RIVAIS. Eric Peres em luta com Niki Torrão [ao lado], num dos dérbis da temporada passada, na qual o Benfica levou a melhor ao sagrar-se tetracampe­ão macaense. O goleador Leonel, a festejar com os companheir­os [em cima], é a grande figura dos encarnados
RIVAIS. Eric Peres em luta com Niki Torrão [ao lado], num dos dérbis da temporada passada, na qual o Benfica levou a melhor ao sagrar-se tetracampe­ão macaense. O goleador Leonel, a festejar com os companheir­os [em cima], é a grande figura dos encarnados
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