Ganhou quem perdeu o medo
Foi sob o signo do condicionamento que se desenhou o sétimo clássico da temporada. O que ajuda a explicar a míngua de oportunidades e de golos em jogos com esta densidade competitiva, onde voltou a ser notória a maior preocupação em não sofrer do que a busca da baliza rival. Face à ausência de espaços, fruto da forma compacta, agressiva e pressionante como as equipas defenderam, a etapa inicial teve um regis-
BENFICA SENTIU MUITO A FALTA DE JONAS E VIVEU QUASE SEMPRE DAS AÇÕES INDIVIDUAIS DOS SEUS ALAS
to ofensivo desenxabido, apesar do ascendente dos encarnados.
Estruturalmenteorganizadoem 4x1x4x1, o Benfica sentiu a falta de Jonas para estabelecer um futebol conectivo bem-sucedido, e viveu quase sempre de ações individuais dos seus alas para chegar a zonas de finalização. Já o FC Porto, numa estrutura em 4x4x2, com Otávio nas costas de Soares, colo- cando Marega –sempre contundente no ataque à profundidade – e Brahimi a partir dos corredores laterais, só se começou a soltar quando o argelino perscrutou com insistência o corredor central. O que permitiu a entrada no bloco adversário [ 3], até aí expugnável, criando um fosso nas entrelinhas, mas também foi o mote para a melhor oportunidade do Benfica em toda a partida, quando o criativo portista arriscou o drible em zona proibida [ 2], permitindo o desarme a Fejsa, que iniciou um contundente contragol- pe que esbarrou em defesa soberba de Casillas a remate de Pizzi.
Tudomudounasegundaparte. O FC Porto assumiu riscos para sair da Luz com um triunfo, apostando na subida do seu bloco e numa maior mobilidade das suas unidades mais avançadas (em constantes trocas posicionais). Já o Benfica foi cedendo à tentação de segurar o nulo caseiro, baixando as suas linhas, o que se agudizou com a entrada de Samaris, e procurando aproveitar os desequilíbrios do rival no momento de transição defensiva, o que nunca conseguiu com sucesso. O golpe de asa portista deu-se no último minuto. Tudo começou na argúcia de Óliver a descobrir Brahimi nas entrelinhas [ 1], que arrastou três adversários, seguindo-se a agressividade da dupla de avançados (então formada por Marega e Aboubakar) para terminar na contundência com que Herrera, arguto a atacar o espaço vazio, aproveitou uma segunda bola em zona frontal, com a equipa do Benfica demasiado desorganizada e afundada.