Sérgio lançou o risco e Vitória caiu na tentação
António Magalhães
A ausência de Jonas foi determinante?
Pode não ter sido decisiva, mas teve impacto na fluidez do jogo das águias, tal como, aliás, já tinha sido percetível no Bonfim. Jonas é muito mais do que sinónimo de golos. O que teria sido o clássico com o brasileiro, ninguém sabe, mas não poder recorrer ao melhor jogador no encontro mais importante do campeonato, não é propriamente irrelevante.
Da mesma forma, o regresso de Marega teve influência no rendimento do FC Porto? Indiscutivelmente. O jogo do FC Porto tem mais impacto com a potência física de Marega. É um ‘panzer’, difícil de travar e que arrasta defesas, abrindo buracos e provocando desequilíbrios. À medida que o tempo passou, o maliano descolou do corredor direito e procurou terrenos mais centrais, sempre com uma objetividade tremenda. Vai ser importantíssimo nesta reta final para o dragão voltar a ‘rebentar’ com as defesas contrárias.
O Benfica foi melhor do que o FC Porto na 1-ª parte. Porquê? Ligeiramente melhor, sim. A bola é o elemento mais precioso do jogo e o Benfica lutou muito por ela e por tê-la mais tempo. Esteve subido no terreno, ‘atacou’ as saídas dos dragões, foi sempre muito intenso e forte nos duelos individuais e voou alto graças à asa esquerda (Grimaldo-Zivkovic-Cervi). Faltou a finalização certeira, especialmente na oportunidade que Pi- zzi teve. O remate ‘facilitou’ a intervenção de Casillas.
E por que razão o FC Porto se tornou superior?
Que fique claro: o FC Porto nunca foi uma equipa submissa. O ascendente do Benfica na 1.ª parte não foi mais do que isso. Após o intervalo, o dragão apareceu mais seguro no passe e com mais espaço de manobra. Notou-se uma quebra física no Benfica que permitiu a circulação. O FC Porto teve maior controlo da bola, o que significa inevitavel- mente mais controlo sobre o jogo. Brahimi surgiu em terrenos mais interiores e a sua condução criou mais desequilíbrios no corredor central. E Ricardo Pereira nunca perdeu o gás.
A saída de Rafa foi uma má opção?
A velocidade de Rafa foi sempre um sarilho para o FC Porto. Não se compreendeu por isso que Vitória tenha abdicado de uma fonte de problemas para os dragões. Salvio não tem a velocidade de ponta de Rafa e fixou-se na ala e o FC Porto ficou mais cómodo com isso.
Sérgio arriscou mais nas substituições do que Vitória? Sim, mas também ‘precisava’ mais da vitória do que o seu adversário. Vitória fez bem em reforçar o corredor central com Samaris, mas caiu na tentação de arriscar quando não fazia sentido fazê-lo. Ao lançar Seferovic para o lugar de Pizzi, alterou a dinâmica do processo defensivo, o qual procurou que se mantivesse seguro e equilibrado, apesar de ser posto permanentemente à prova pelos dragões. E foi precisamente pela zona central que Herrera descobriu a brecha que o levou ao golo. Seferovic reagiu tarde ao movimento do mexicano.