Record (Portugal)

Ganhou quem jogou para ganhar...

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O FACTO DE TER DOIS RESULTADOS POSSÍVEIS PARECE TER FEITO MAL AO BENFICA DE RUI VITÓRIA

Uma vitória justa. Aceitava-se o empate, sim, até porque à entrada do minuto 90 era assim que as coisas estavam, mas houve um pouco mais de FC Porto do que de Benfica no clássico, que teve, como diria o cliché, duas partes distintas. Só que na segunda, aquela em que os dragões mandaram, a superiorid­ade foi bem mais evidente.

O triunfo parece ter sorrido a quem mais jogou para ganhar. Não apenas no relvado, mas no campo do pensamento. Ao Benfica de Rui Vitória parece ter feito mal a ideia de que o empate também era um bom resultado, pois mantinha FC Porto e Sporting a distâncias controláve­is. Sugiro esta interpreta­ção muito porque na primeira metade, mesmo sem espaço para pensar e num jogo muito físico de ambas as partes, os encarnados pareciam ser aqueles que mais procuravam a vitória. Pressão alta, acutilânci­a, rapidez de processos e sempre de olhos na baliza, mesmo que a única oportunida­de de golo clara tenha sido a que Pizzi desperdiço­u frente a Casillas. A leitura que se faz das substituiç­ões é um pouco esta, também. As de Sérgio Conceição foram todas a olhar para a frente, à procura de um resultado melhor, já as de Rui Vitória sugeriram uma tentativa de controlo de operações que... Herrera não permitiu. Curioso que com a ausência de Jonas, do lado encarnado, um dos heróis mais desejados era certamente Jiménez, o homem que em tantos momentos alimentou a chama imensa que as águias se orgulharam até aqui de sentir pelo penta. Mas não. Acabou por ser um compatriot­a, mais utilizado ainda que mais barato e menos badalado. Herrera é um jogador daqueles que vale cada cêntimo. E o que tem feito esta temporada desde que Danilo se lesionou é verdadeira­mente impression­ante. Como é que tem força para desferir aquele remate, aos 90’, após tanto quilómetro corrido, é algo que tenho dificuldad­es em perceber. Brutal. O que sucede agora? Treinadore­s avisados como são Vitória e Conceição sabem que a Liga dura até ao fim. O primeiro tem mais uma montanha para escalar, chamada Alvalade. O segundo tem de conseguir que os seus jogadores en- carem os adversário­s que faltam como se fossem o Benfica. É que foram Paços de Ferreira e Belenenses quem quase colocou os dragões longe do título. Facilitar com os mais humildes sai caro. Será que o Dragão aprendeu? Uma palavra para Sérgio Conceição, um treinador que fez deste FC Porto, hoje, o mais forte candidato ao título apenas com o aproveitam­ento da prata da casa. Quem vê o que tem feito o técnico português quando comparado, por exemplo, com Julen Lopetegui e Nuno, que tiveram direito a prendas bem onerosas, é preciso tirar-lhe o chapéu. E não apenas agora que lidera o campeonato, mas haja o que houver até ao fim. Sei que seria difícil perdoar uma escorregad­ela portista neste momento, mas acho que Sérgio merece continuar, aconteça o que acontecer. Parabéns.

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