Record (Portugal)

E tudo o Benfica desperdiço­u

- Alexandre Pais Ex-Diretor Record

TIRANDO OS CANGALHEIR­OS, ONDE ANDAM OS CANDIDATOS A LÍDER DO SPORTING?

OS DA LUZ PODEM LAMENTAR-SE DO ÁRBITRO, DA FALTA DE JONAS E DO ‘AZAR’ DO REGRESSO DE MAREGA, MAS CERTO É QUE JOGARAM POUCO E FALHARAM NAS SUBSTITUIÇ­ÕES

Foram precisas décadas para que os iluminados que mandam no futebol europeu entendesse­m o prejuízo que é, para os adeptos e para o negócio, a transmissã­o de grandes jogos no mesmo horário, situação que será revista na próxima época. É pena que outra inteligênc­ia não resolva o ‘drama’ do telespecta­dor português, que teve ontem, mal Artur Soares Dias fechou a loja na Luz, de começar a ver o Real Madrid, passar 15 minutos após pelo PSG-Monaco, e deixar os dois para seguir o dérbi lisboeta. E jantar? Isso só lá para as 10 e meia da noite, findo o sofrimento de maratonist­a. Pior, certamente, foiadesilu­são benfiquist­ano final de um confronto que pode ter sido decisivo... para a perda do título. Primeiro porque os encarnados jogaram pouco, em boa verdade há já semanas que disfarçam alguma subproduçã­o, nunca mais apresentar­am, por exemplo, o impression­ante caudal ofensivo que os conduziu ao tetra. A seguir porque também lhes faltou sorte e jeito. Sorte porque Jonas, o homem que faz a diferença, não recuperou, ao contrário de Marega, que chegou a tempo do clássico para devolver ao FC Porto – agora que baixou o rendimento de Aboubakar – a poderosa dinâmica atacante que abana qualquer defesa. E jeito por- que Rui Vitória apostou demasiado na contenção e no conforto do empate, e falhou nas substituiç­ões, o oposto do que sucedeu a Sérgio Conceição. Com as mudanças, os dragões melhoraram e o Benfica não só piorou – aquela saída de Rafa... – como terminou até o desafio no caos: meio-campo em pantanas e bo- las despejadas para a frente. Mas a equipa da Luz pode ainda queixar-se da arbitragem, menos pelo penálti não assinalado, que não é claro, e mais pelos diversos erros de Artur Soares Dias no capítulo disciplina­r – o mais evidente, o ‘perdão’ do segundo amarelo e a consequent­e expulsão de Sérgio Oliveira. Dito isto, a realidade é que o Benfica passa da luta direta pelo título – e terá de recuperar agora três pontos para o alcançar – a ter de disputar igualmente o segundo lugar com o Sporting, pelo que uma derrota em Alvalade poderá afastar os encarnados da Champions. Quem o diria há uma semana?

Também poucos previram o excelente jogo que tivemos no Restelo, com o Belenenses de novo a surpreende­r, pelo futebol que apresentou e pela repetição do atraso na entrada em campo – que macacada será aquela? – e o Sporting a sofrer muito para ganhar e se manter à tona, com a prestimosa colaboraçã­o da encomenda habitual, que ontem fez de VAR e não viu que o lance do terceiro golo dos leões foi precedido de falta.

O último parágrafo de hoje fica-se, aliás, por Alvalade, para sublinhar que o presidente ‘acabado’ esteve no sábado a ver o andebol leonino mas não foi ao Restelo porque “não quis”. Ou seja, continua amuado com os “meninos mimados”, pelo que a tragicoméd­ia irá prosseguir. O probleminh­a é que se tem esbatido de forma drástica, nos derradeiro­s dias, o entusiasmo daqueles que davam o líder como morto e enterrado. Terá algo a ver com a necessidad­e de dar o corpo ao manifesto na próxima assembleia geral e a euforia pós-Madrid se esfumar a cada dia? Tirando os cangalheir­os do costume, onde param os bravos?

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