Leão teve o mérito de nunca deixar de acreditar... e correr
A vitória do Sporting assenta bem no jogo de ontem?
Sim. Os leões entraram bem, nos primeiros 5 minutos pareciam querer mandar no jogo, mas Conceição fez pequenos ajustes e a 1.ª parte foi de domínio portista. Na 2.ª os dragões dominaram ainda os primeiros 15 minutos, mas a partir daí a balança começou a pender para os da casa e então o prolongamento fiou de domínio quase total.
Os penáltis são lotaria ou competência?
Já acreditei na história da lotaria. E claro que no futebol, como em quase todos os jogos humanos, há um fator sorte. Mas como se viu ontem, onde apenas Marcano falhou, a competência fala mais forte. Principalmente num lote de remates em que nenhum dos guarda-redes conseguiu fazer uma única defesa.
Coates foi o melhor do Sporting porque marcou?
Sim e não. Óbvio que o golo do uruguaio foi vital para o triunfo leonino, mas houve muito mais do que isso. O central esteve sempre mais seguro, sereno e concentrado do que Mathieu e ganhou os duelos quase todos. Mais dificuldades com Soares do que frente a Aboubakar, a quem meteu no bolso. Um grande jogo de um defesa muito marcado pela má exibição feita em Madrid. Merecia esta redenção.
Quem venceu o duelo entre Jesus e Conceição?
Ganhou o primeiro porque o Sporting segue para a final, mas também porque a leitura que fez do jogo e as substituições realizadas trouxeram muito mais às equipas do que as do rival. Sérgio esteve bem no reajustamento das tropas e na capacidade de ganhar a batalha do miolo até ao meio da segunda parte. Pior foi quando as pernas começaram a deixar de responder e um lado e de outro e JJ soube acrescentar e Conceição acabou por diminuir.
Porque teve o Sporting tantas dificuldades de construção até cerca dos 60 minutos?
A primeira linha defensiva do FC Porto foi muito superior à capa- cidade de saída do leão. A construção através dos centrais e a tentativa de saída pelas laterais nunca foi eficiente. Soares foi importantíssimo, assim como Otávio e Herrera, que ‘secaram’ Battaglia e Bryan Ruiz, o primeiro fortíssimo em termos defensivos, o segundo foi visto apenas quando o FC Porto estoirou.
Há algum momento que marque a reviravolta no jogo? Acredito que a troca de Soares por Aboubakar. Entendo a ideia de Conceição e a necessidade, quem sabe, de dar descanso ao brasileiro, mas o camaronês nunca conseguiu fazer metade do que tinha sido atingido pelo companheiro. Mexeu-se menos, teve menos profundidade, foi menos agressivo, permitiu que os centrais leoninos se soltassem para o ataque. Uma noite não.
Quem fez mais falta às respetivas equipas, William ou Danilo?
Provavelmente William, principalmente no processo de construção do Sporting. Com todo o respeito por Bryan Ruiz, há uma grande diferença para Battaglia entre ter o internacional português ao lado ou o costa-riquenho. A presença de William permite a Bruno Fernandes jogar em terrenos mais adiantados, ontem fê-lo e a sua ausência foi muito sentida, pois Battaglia e Bryan Ruiz foram incapazes de pegar no jogo durante demasiado tempo.
Quem destacar nas pedras lançadas por Jorge Jesus? Diria Ristovski. O lateral-direito trouxe muito mais frescura e dinamismo ao flanco, foi muito superior a Piccini e desequilibrou as coisas a favor do leão, nomeadamente porque com Gelson e Bruno Fernandes a aparecer também por ali começou a criar imensos problemas a Alex Telles e a criar movimentos de rotura complicados para a defesa portista.
O fator físico teve influência no jogo?
Se olharmos ao facto de o Spor- ting ser a equipa portuguesa com mais jogos acumulados esta época e ter acabado por se mostrar mais fresca no prolongamento, diria que não. No entanto, no jogo há muito mais do que isso. E foi evidente que algumas unidades, tanto sportinguistas como portistas, realizaram exibições um pouco aquém do habitual. E aí o cansaço pode ter sido o motivo principal.
Apesar da derrota, há algum destaque no FC Porto? Escolho Herrera. Continua com a corda toda após a vitória na Luz e lutou e correu tanto, que chegou a fazer impressão a capacidade daquele pulmão mexicano. No prolongamento já era o médio, quase sozinho, quem esticava o jogo dos dragões, tal a incapacidade dos companheiros. Jogou e fez jogar, organizou, recuperou... não merecia sair de Alvalade derrotado.