DEMONSTRAÇÃO DE FORÇA
Os dragões entraram a varrer e demonstraram que a derrota de Alvalade não deixou sequelas. Com Marega em campo a conversa é outra
Depois da derrota em Alvalade, era importante para o FC Porto não deixar margem para dúvidas na receção ao V. Setúbal, e a forma como a equipa abordou o jogo foi perfeita. Aos 16 minutos já vencia por 3-0, com uma tremenda eficácia na finalização, e a esperança do Benfica de ver anulada a vantagem dos dragões na frente do campeonato caiu imediatamente por terra. Uma demonstração de força de que a equipa de Sérgio Conceição necessitava para afastar eventuais fantasmas que pudessem resultar do desaire sofrido a meio da semana.
É certo que o afastamento da Taça de Portugal aconteceu num contexto especial, desde logo por ter culminado no desempate por penáltis, mas o balão que havia enchido com a vitória no clássico da Luz e que recolocou o FC Porto na liderança da Liga esvaziou ligeiramente com o desaire no lado oposto da Segunda Circular. Por isso mesmo era grande a expectativa em torno da equipa para o jogo de ontem, tendo pela frente um adversário que na época passada havia imposto um empate surpreendente e comprometedor na luta pelo título.
Sérgio Conceição devolveu Ricardo Pereira ao lado direito da defesa, onde rende mais com as suas incursões pelo corredor, deu maior largura ao ataque com a en- trada de Corona e, acima de tudo, promoveu o regresso de Marega. O maliano é o jogador mais influente dos portistas e a sua capacidade de desequilíbrio é por demais evidente. Abriu o caminho à vitória, fez a assistência para o terceiro e golo e cumpriu mais uma missão de sacrifício em termos físicos. Marega está nos limites, mas nem assim abranda. O africano é um daqueles casos de antes quebrar que torcer, e foi notória a sua tristeza quando abandonou o relvado. E tendo em conta as circunstâncias, até pareceu tardia a sua substituição. Segundo Sérgio Conceição, a si- tuação de Marega esteve sempre controlada, assim como todas as incidências do encontro. A jogar em casa, o FC Porto sente-se como peixe na água e a forma autoritária como se apresenta em campo não dá grandes possibilidades de resposta aos adversários. Só o Benfica roubou pontos e com a polémica que se conhece...
Marcano de bicicleta
Ontem foi uma das noites em que tudo correu bem e foram mais as estrelas que brilharam no Dragão, contribuindo para um clima de entusiasmo como há muitos anos não se via no universo azul e bran-
co. Desde logo Marcano, principal réu na derrota de Alvalade, pela intervenção infeliz no golo e pelo penálti falhado. Aos 12’ marcou de bicicleta, à moda de Hugo Sánchez, que estava na bancada, e festejou com raiva, respondendo às críticas de que foi alvo. Alex Telles rompeu o marasmo da segunda parte com um livre direto como não se via na equipa portista desde a temporada tran- sata, abrindo mais uma alternativa no menu dos golos. Um final em grande, em comunhão perfeita com as bancadas, assimilando energia para o sprint final.
Hora da verdade
E o que surge pela frente no próximo fim de semana é um dos borregos mais difíceis de matar para os dragões na história recente. São já seis jogos sem vencer o Marítimo, na Madeira, cinco deles para o campeonato, e essa malapata já se tornou numa questão com contornos preocupantes.
Para além do plano estratégico que vai ter de trabalhar para contornar a aguerrida formação orientada por Daniel Ramos, Sérgio Conceição terá de intervir na vertente psicológica para atenuar de certa forma o medo cénico em que já se transformaram as deslocações aos Barreiros. *