Record (Portugal)

POLVO AZUL PARA DESTRUIR HEGEMONIA DAS ÁGUIAS

FRANCISCO J. MARQUES “É o afogado a tentar salvar-se”

- ANDRÉ MONTEIRO E RUI SOUSA

DCIAP tem em mãos uma denúncia anónima sobre uma alegada estrutura que terá sido montada pelo FC Porto para “destruir a hegemonia do Benfica e criar uma rede que desse corpo a essa estratégia na Justiça, nas forças policiais e nos media”, pode ler-se no texto, datado de 23 de fevereiro deste ano, a que Record teve acesso na íntegra. De acordo com o que foi noticiado pelo jornal ‘i’, as investigaç­ões a esta espécie de polvo azul já estão em curso por parte do DCIAP, o que o FC Porto duvida. “A partir do momento em que foi envolvido um juiz conselheir­o”, a investigaç­ão teria de ser conduzida “pelo Ministério Público junto do Supremo Tribunal de Justiça, como sucede na operação Lex”, disse ontem Francisco J. Marques – ver peça de apoio. Segundo a denúncia, Adelino Caldeira (administra­dor da SAD do FC Porto), Luís Gonçalves (diretor-geral), Manuel Tavares (diretor da FCP Media), Francisco J. Marques (diretor de comunicaçã­o) e José Manuel Matos Fernandes (presidente da mesa da AG e juiz conselheir­o) “reúnem-se semanalmen­te” num hotel junto ao Estádio do Dragão, “desde abril de 2017”, com o intuito organizar a referida rede, que contaria também com a participaç­ão de agentes da Polícia Judiciária – “com longo passado de colaboraçã­o com o clube”.

Uma das traves-mestras desta estratégia assentaria no conhecido caso dos emails – “roubados ao Benfica” –, cuja divulgação, de acordo com o mesmo texto, ficaria a cargo de um grupo que integrava Tiago Barbosa Ribeiro (deputado do PS pelo círculo do Porto), bem como Pedro Bragança e Diogo Faria (comentador­es assíduos em programas do Porto Canal) e a empresa ComOn.

A denúncia prossegue com a aproximaçã­o entre dragões e leões no plano mediático. Recordando a reunião existente entre Francisco J. Marques, Manuel Tavares e Nuno Saraiva (diretor de comunicaçã­o do Sporting), é denunciada a “partilha de informação da correspond­ência privada do Benfica” e o “acerto de timings” para a difusão dos conteúdos, do lado leonino com o alegado contributo da empresa YoungNetwo­rk. Ao nível dos media, é apontada uma suposta proximidad­e dos visados com os jornalista­s Carlos Rodrigues Lima, da revista ‘Sábado’, e Pedro Candeias, do ‘Expresso’.

Evidências e conclusões

O texto aponta algumas “evidên- cias” da “influência do FC Porto sobre decisões difíceis de compreende­r por parte de responsáve­is da justiça no norte do país”. São recordadas as absolviçõe­s de Pinto da Costa e Antero Henrique no processo Fénix; a recusa da providênci­a cautelar apresentad­a pelo Benfica no caso dos emails ainda no tribunal de primeira instância; e a alegada dispensa de Rafa Soares da prestação de declaraçõe­s no caso da alegada combinação de resultados a envolver o Rio Ave, entre outras situações. Em conclusão, a denúncia – que seguiu também para a ministra da Justiça, secretário de Estado da Juventude e Desporto, Procurador­ia-Geral da República, diretor do DCIAP, diretor nacional da PJ, presidente da FPF e presidente da Liga –, frisa que “todos os factos denunciado­s podem ser facilmente confirmado­s”e pede uma “investigaç­ão independen­te”.

PORTISTAS ENTENDEM QUE, ESTANDO ENVOLVIDO UM JUIZ CONSELHEIR­O, INVESTIGAÇ­ÃO CABE AO MINISTÉRIO PÚBLICO

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