Record (Portugal)

“Existe um populismo exacerbado e doentio”

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Como se dá a sua entrada para o Conselho Leonino?

VL – Já me chatearam várias vezes para eu admitir a hipótese de me candidatar a presidente do Sporting. Sempre recusei e disse que só aceitaria porventura ser conselheir­o leonino. Concorri com o [José Eduardo] Bettencour­t [em 2009]. Com o Godinho Lopes [em 2011] integrei a lista independen­te, do José Eduardo e do [João] Barnabé. Nas eleições que o Bruno de Carvalho ganhou [2013] já não entrei. Entretanto, o Marco Silva foi despedido e eu manifestei-me contra a forma como tinha ocorrido. E isso provocou um choque entre mim e o Bruno de Carvalho. Agora [em 2017] ele insistiu e convidou-me para pertencer à Comissão de Honra e depois ao Conselho Leonino. Já tinha muitas dúvidas mas, muito relutantem­ente, acabei por aceitar.

Demitiu-se na sequência da polémica AG de 3 de fevereiro: fê-lo por discordar da alteração dos estatutos e do novo regulament­o disciplina­r ou porque queria mais tempo para analisar as propostas? VL – Os documentos foram-nos enviados dois dias antes da reunião do Conselho Leonino, para serem levados à assembleia geral dois dias depois. Fui o primeiro a intervir e disse que era inaceitáve­l. A questão dos estatutos alterava um conceito parlamenta­rista para um conceito presidenci­alista. E não chegava dizerem-me que Benfica e FC Porto têm o mesmo tipo de organizaçã­o. Pedi ao presidente que não levasse esses temas à AG, que os pusesse em debate interno e no fim da época discutia-se. O presidente disse que não. Já nem quis rebater os argumentos dele. Estava sentado ao lado do Dias Ferreira e disse-lhe que provavelme­nte seria a última reunião do Conselho Leonino em que eu participav­a.

Há sportingui­stas que se queixam da falta de democracia no clube, outros falam até em ditadura. Há motivos para isso?

VL – Se considerar­mos a democra- cia formal, ela funcionou. Agora, o que existe é um populismo exacerbado e doentio, de uma pessoa que está convencida de que é o rei do universo, que o Sporting é ele e mais ninguém e que não sabe funcionar em equipa, só com ‘yes men’. Não sabe receber uma opinião minimament­e crítica. Eu não sou daqueles que consideram que os fins justificam os meios. Nem na guerra,

“EU NÃO SOU DAQUELES QUE CONSIDERAM QUE OS FINS JUSTIFICAM OS MEIOS. NEM NA GUERRA, QUANTO MAIS”

quanto mais no desporto. No dia em que a bola começar a bater na trave do adversário e a entrar na nossa baliza, isso vem por aí abaixo. O trambolhão é muito maior. Por isso é que ele está desesperad­o. Porque está a ver que a promessa que fez não se vai cumprir, não vai ganhar o campeonato. Neste momento há paz podre. Não sei como se vai resolver. Se for com a continuaçã­o dele, vai esfrangalh­ar o clube por completo.

Asaída do Facebooknã­o poderá ser benéfica?

VL – Mas ele saiu do Facebook? Continua a mandar SMS. Qual é a diferença? Não acredito que ele se possa regenerar.

Se não aparecesse alternativ­a, admitia candidatar-se?

VL – Não. Já fui desafiado, até nesta fase. Mas não está no meu horizonte ser presidente do Sporting.

Vê alguém disposto a avançar? VL – Vai ter de aparecer alguém. O próprio Bruno de Carvalho já apontou um D. Sebastião.

Rogério Alves?

VL – É o próprio Bruno de Carvalho que diz. O Rogério Alves tem dito que não há eleições, portanto não é candidato. Se houver, penso que poderá ser uma das soluções. *

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DIRETO. Vasco Lourenço à conversa com Record

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