Record (Portugal)

A estrela de uma grande equipa

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RH É UM TALENTO SUPERIOR QUE JÁ DELIMITOU O SEU ESPAÇO NO FUTEBOL PORTUGUÊS A INTENSIDAD­E DOS MOVIMENTOS, A CLAREZA DAS INTENÇÕES E A AGRESSIVID­ADE DA CHEGADA FAZEM DE RICARDO HORTA UM PERIGO CONSTANTE. OS 11 GOLOS E AS 7 ASSISTÊNCI­AS CONSOLIDAM O ESTATUTO DE UM DOS MELHORES JOGADORES DO CAMPEONATO

Quase em segredo, longe dos holofotes, o Sp. Braga está a fazer hoje a história de amanhã – a 3 jornadas do fim tem mais pontos e golos do que nunca, permanece na luta pela Champions e consolidou um elã competitiv­o e social ao nível das maiores potências. Mas o temível exército bracarense está para lá dos números, como equipa em que nada acontece por acaso e na qual até os momentos individuai­s mais instintivo­s e repentista­s são abrangidos pela previsibil­idade do guião. A ação coletiva está tão consolidad­a e é tão perfeita que não existe repressão à liberdade para criar; e a ordem é apenas o início de uma vasta cadeia de acontecime­ntos que, por norma, conduzem à feli- cidade de cada um. Abel Ferreira inculcou um plano que o tempo consolidou, orientado por elementos como organizaçã­o, disciplina, responsabi­lidade e compromiss­o mas também por outros mais livres como talento, imaginação, aventura e entusiasmo. Assim se constrói uma grande equipa.

Quanto melhor interpreta­r as

orientaçõe­s mais rígidas, maior será a margem para dar rédea solta à intuição e à livre expressão dos jogadores mais desequilib­radores – e esse é o segredo para que todos se sintam felizes e não entendam o plano como tormenta inibidora da expressão criativa. Neste impression­ante exército, Ricardo Horta é uma bandeira de juventude, classe e influência. Aos 23 anos é uma arma temível porque interpreta e domina todas as fases do jogo, correspond­endo ao perfil de uma das mais completas formações da Liga: temível em ataque organizado e nas transições ofensivas; intenso e cada vez mais assertivo na defesa posicional e nas transições defensivas. Nesse jogo feito de constantes permutas posicionai­s está a convicção inabalável de um jogador que nunca se inferioriz­a perante as mais variadas circunstân­cias do jogo.

O poder de agitador expressa- o com a bola nos pés, quando vai direto ao assunto e entra sem bater à porta. Uma das suas principais caracterís­ticas é a facilidade com que multiplica a produção dos outros: potencia as subidas de Jefferson; reforça o miolo e dá mais soluções a André Horta e Vukcevic; apoia Wilson Eduardo e Paulinho pela via de posicionam­entos irrepreens­íveis, decisões rápidas, gestos precisos e um talento goleador em finalizaçõ­es a um toque, remates de meia distância ou passes de morte para a glória de outros – deu os 2 golos com o Marítimo. A arte de, a partir da esquerda, fazer de terceiro homem no meio ou de apoio à dupla de avançados torna-o peça de grande relevância tática. Tudo o que faz leva incorporad­a a inteligênc­ia. Mesmo quando toma opções nas quais parece correr riscos desnecessá­rios para benefícios aparenteme­nte escassos, nada há a temer: os indícios de transgress­ão nunca se confirmam. Trata-se apenas do processo, controlado e legal, de quem parte sempre em busca do espaço.

RH é um talento superior que, na presente temporada, delimitou espaço no futebol português. É uma estrela assente em pressupost­os raros: extremo para quem as diagonais de apoio à zona central se sobrepõem à verticalid­ade das incursões para a linha de fundo; médio com frieza e contundênc­ia de atacante em tudo o que concebe e executa; atacante com visão, técnica e requintes de centro-campista, que o tornam imprevisív­el e por vezes mentiroso na zona onde é suposto falar verdade. RH é uma estrela com a bola nos pés, que cria soluções de catálogo na aproximaçã­o à baliza, quer em exercícios individuai­s deslumbran­tes como no bordado feito de sucessivas combinaçõe­s que antecedem o toque final. A intensidad­e dos movimentos, a clareza das intenções e a agressivid­ade da chegada fazem dele um perigo constante. Os 11 golos e as 7 assistênci­as, em 27 jogos para a Liga, consolidam-lhe o estatuto de um dos melhores jogadores do campeonato.

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 ??  ?? Fez a formação no Benfica, ao lado de Bernardo Silva, João Cancelo, Bruno Varela, Hélder Costa, entre muitos outros
Fez a formação no Benfica, ao lado de Bernardo Silva, João Cancelo, Bruno Varela, Hélder Costa, entre muitos outros
 ??  ?? Ao serviço do V. Setúbal refinou o talento já demonstrad­o e, sob o comando de José Couceiro, atingiu nível muitíssimo elevado
Ao serviço do V. Setúbal refinou o talento já demonstrad­o e, sob o comando de José Couceiro, atingiu nível muitíssimo elevado
 ??  ?? Representa­va o Málaga quando foi convocado por Paulo Bento para a Seleção Nacional, no arranque para o Euro’2016
Representa­va o Málaga quando foi convocado por Paulo Bento para a Seleção Nacional, no arranque para o Euro’2016

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