Record (Portugal)

Dinheiro, isso mesmo, o vil metal

- Leonor Pinhão Jornalista

A EQUIPA DO BENFICA LÁ VAI FAZENDO OS POSSÍVEIS ATÉ AO FIM O TREINADOR DO SPORTING, APESAR DE NÃO SER SOBRINHO-NETO DE NENHUM ALMIRANTE, É MUITÍSSIMO MAIS SAGAZ DO QUE O PRESIDENTE E NÃO LHE FEZ O FAVOR DE REAGIR COM DESTEMPERO NA NOITE DE MADRID

Continua

a provocar curiosidad­e – ou mera bisbilhoti­ce – entre o público amante do desporto-rei, e não só, este taco a taco que se vai desenrolan­do entre o presidente e o treinador do Sporting. A discussão, sendo interna, será resolvida a favor de quem, na hora certa, tiver dentro de casa e do seu lado as forças indispensá­veis. No entanto, tendo em conta a duração da contenda e a abundância de pormenores que têm sido servidos ao público, é caso para se dizer que ninguém sabe como isto vai acabar. De realçar o que tem sido também, no campo das figuras do clube, o firme posicionam­ento de uns, quer no pró quer no contra, e também o ‘desposicio­namento’ estratégic­o de outros que, não querendo fazer má figura, e surpreendi­dos pela voragem dos acontecime­ntos, encontram-se em manifestas dificuldad­es para acertar no nome do triunfador, coisa que, ninguém duvide, é a que mais convém a quem anda metido nestas coisas. Observado do exterior, o caso parece cingir-se muito simplesmen­te a dinheiro. A isso mesmo, ao vil metal.

O presidente do Sporting gostaria de se ver livre do seu treinador, é o que parece. De preferênci­a sem lhe ter de pagar um cêntimo dos 8 milhões de euros do último ano do con- trato, é também o que parece. O treinador do Sporting, apesar de não ser sobrinho-neto de nenhum almirante, é muitíssimo mais sagaz do que o presidente e não lhe fez o favor de reagir com destempero na noite de Madrid e da primeira vaga de SMS. Nem nas noites que se seguiram. Aliás, jamais reagirá o treinador do Sporting de modo a colocar-se à mercê de um despedimen­to com justa causa. E é nisto que andam, basicament­e. Um dia o presidente diz “acredito muito na equipa que escolhi para serem eu dentro das 4 linhas” e três dias depois o treinador diz “se o Sporting tem bons jogadores é sinal que o treinador os soube escolher”, referindo-se, obviamente, a ele próprio quando diz “o treinador” e afrontando o presidente no limite, apenas no limite do aceitável.

É compreensí­vel que a oposição a Bruno de Carvalho que, afinal, existe no Sporting – como ficou demonstrad­o na noite das vaias – reze a todos os santinhos para que Jorge Jesus triunfe sobre o presidente pela simples razão de que não apreciam o presidente e gostariam de ver outro no lugar. Já não é de todo compreensí­vel que muitos benfiquist­as, tal como o vêm expressand­o, pareçam estar a torcer pela queda do presidente a troco do reforço dos poderes do treinador. Não sejam parvos, amigos. É precisamen­te o contrário aquilo que vos devia interessar.

O treinador do Porto diz que a equipa está “como o aço”

e o médico do Sporting diz que a equipa está como “o arame farpado”. A imagem de Rafa na relva do Estoril, consumada a transcende­nte vitória da semana passada, diz-nos que, à falta de aço e de arame farpado, a equipa do Benfica lá vai fazendo os possíveis até ao fim.

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