Record (Portugal)

ENTERRAR MACHADO DE GUERRA

- HUGO NEVES

Após anos de quezílias, Mourinho e Wenger têm hoje o último embate na Premier e querem... paz

A minha rivalidade com o José [Mourinho] foi, tal como com Ferguson, muito tensa, própria de quem luta um contra o outro. Mas tu tens de ter respeito pelas pessoas que sofrem, a menos que não sejas humano. Tens de sentir empatia por quem tem a mesma profissão que tu.” O discurso pertence a Arsène Wenger, o qual pode ter tido inúmeras quezílias e discussões com Mourinho, mas, na hora de antever o último confronto de ambos na Premier League – no clássico entre United e Arsenal –, parece disposto a enterrar, de vez, o machado de guerra.

O técnico francês não fez mais do que seguir as pisadas do rival português. “Respeito-o imenso. No futuro podemos ser amigos, se ele me respeitar 50 por cento do que eu o respeito. Se estou arrependid­o? De alguns episódios, sim! Provavelme­nte, ele também estará. Seria melhor não ter feito alguns gestos e dito certas coisas”, disse Mourinho, lamentando ainda o facto de a Premier League estar perto de perder outra das grandes figuras, após a reforma de Alex Ferguson no verão de 2013.

As ‘guerras’ de Mourinho com Wenger começaram mais cedo. O técnico português chegou a Inglaterra pela primeira vez no verão de 2004 e frustrou o francês: ‘roubou’ o título aos gunners na época de estreia e repetiu o feito na temporada seguinte, ganhando ao francês a Supertaça pelo meio. E as críticas de Wenger começaram, especialme­nte sobre as táticas do português. Em 2007, pouco antes de sair do Chelsea, Mourinho atirou: “Temos uma série de consideraç­ões do senhor Wenger sobre o Chelsea nos últimos 12 meses. E não é um ficheiro de cinco páginas, é de 120…”

Mesmo depois de o português assinar pelo Inter Milão, Wenger nunca esqueceu a rivalidade, criticando as opções do técnico em Itália. A resposta de Mourinho foi bastante forte: “Sabiam que o Wenger só tem 50 por cento de vitórias na Premier League?”

Já nem Alexis Sánchez afetou

O regresso do português a Inglaterra, em 2013, acicatou mais a relação. No dia em que o Chelsea goleou (6-0) o Arsenal, Wenger perdeu a cabeça e empurrou o adversário, pedindo depois desculpa. “Ele é o especialis­ta em falhanços, não sou eu”, disse Mourinho. Só quando o português rumou ao Man. United é que a polémica abrandou e nem a saída de Alexis Sánchez diretament­e do Arsenal para os red devils prejudicou o cenário. O que há uns anos teria feito correr muita tinta. “Será estranho vê-lo com uma camisola diferente porque ele tinha uma forte ligação ao clube”, confessa Wenger. “Tenho grande respeito por Mourinho, é um grande treinador. Deviam dar-me um pouco de descanso nas minhas últimas semanas, não me empurrem para um derradeiro confronto. Vou lá em paz. A nossa relação é melhor do que pensam”, diz agora o francês. Já Mourinho é claro: “Os nossos maiores rivais são também os nossos melhores amigos.” O machado está prestes a ser enterrado. *

TUDO ACALMOU QUANDO MOU CHEGOU AO UNITED. “A NOSSA RELAÇÃO É MELHOR DO QUE MUITOS PENSAM”, DIZ WENGER

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AMIGOS. Mourinho já vê o francês assim

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