Jogo no pé e no espaço
Nos Barreiros, num jogo que foi sempre complicado, a variedade de soluções ofensivas dos azuis e brancos provocou o desequilíbrio que se viria a revelar muito importante para o desfecho final. Nenhuma equipa na Liga é tão forte quanto o FC Porto no explorar do espaço nas costas das defensivas adversárias. Bem próximo do término do primeiro tempo, a definição de Sérgio Oliveira encontrou o movimento de desmarcação de rutura para o espaço de Soares, no tem-
NENHUMA EQUIPA NA LIGA É TÃO FORTE COMO O FC PORTO A EXPLORAR AS COSTAS DAS DEFESAS ADVERSÁRIAS
po e momento oportunos. Um centésimo de segundo antes ou depois e o lance não se desenharia com tamanha exatidão. Foram poucos os metros que a última linha madeirense deu a mais nas suas costas, mas os suficientes para que Oliveira e Soares criassem o primeiro momento marcante nos Barreiros [3]. Antes do momento de viragem, já o FC Porto tinha demonstrado argumentos na sua organização defensiva que lhe permitiram encarar o jogo com otimismo e com a possibilidade de poder esperar o seu momento.
Soares e Marega na linha mais avançada condicionaram a saída para o ataque da equipa de Daniel Ramos e, mesmo quando a linha média se afastou da linha defensiva, ou quando aumentou a distância entre elementos do sector médio, as individualidades do FC Porto mostraram competência para nos duelos imporem a sua lei.
Quando a bola entrou no corredor lateral defensivo, os centrais azuis mostraram sempre a concentração devida no seu posicionamento para impedir o Marítimo de poder ser mais perigoso. O defesa-central do lado da bola protegeu a entrada desta no primeiro espaço e o defesa central do lado oposto adaptou sempre o seu posicionamento em função da bola, do colega, mas também do movimento do opositor, forçando um eventual 1x1 para responder à bola aérea, beneficiando dos seus argumentos nos duelos, enquanto o lateral do lado oposto definia o seu posicionamento na proteção ao segundo poste [2]. No segundo período, e com o Marítimo em inferioridade a defender num bloco mais baixo, sem permitir que o FC Porto explorasse o espaço nas costas da sua defesa, a equipa de Sérgio Conceição encontrou maiores dificuldades para chegar às zonas de finalização. Porém, tamanho domínio territorial acabou por ser premiado numa bola parada, onde ficou uma vez mais bem patente o poderio físico de Marega, que aproveitou a corrida de balanço para no ataque à bola aérea se superiorizar ao opositor e praticamente definir o rumo do título em Portugal [1].