Record (Portugal)

Contra os assobios, gastar, gastar

LUÍS FILIPE VIEIRA VAI TER DE INVESTIR E SEGUIR O EXEMPLO DO SPORTING, QUE TERÁ FEITO A RICARDINHO UMA PROPOSTA “COMO NUNCA SE VOLTARÁ A ESCUTAR” – PALAVRAS DO CRAQUE

- Alexandre Pais Ex-Diretor Record

A HOMENAGEM DE OLD TRAFFORD A WENGER FOI UM MOMENTO SUBLIME, IMPOSSÍVEL ENTRE NÓS

Com a derrota em casa frente ao Tondela, o Benfica tornou a crise em que entrara, ao perder com o FC Porto, num tombo de consequênc­ias imprevisív­eis. Ou talvez não, já que muito dificilmen­te Luís Filipe Vieira poderá conter o desânimo geral e manter Rui Vitória, cuja saída levará o plantel a uma remodelaçã­o tão profunda que o sonho do presidente de caminhar no sentido do saneamento financeiro será necessaria­mente posto em causa. Vai ser preciso comprar e comprar bem, gastar milhões e muitos.

Antes, há outro grave problema por enfrentar: o do segundo lugar no campeonato. Fracassand­o no sábado, em Alvalade, o Benfica ficará afastado de uma posição em que poderia vir a qualificar-se para a Liga dos Campeões, levando com isso um rombo de dezenas de milhões de euros. E hoje não se está a ver, com o Sporting moralizado, como irá Rui Vitória conseguir reverter o défice de confiança dos seus jogadores.

Mas não é só Vieira a ter de debater-se com um inesperado e avultado investimen­to. Também o líder do Sporting, aparenteme­nte com menos hesitações, se prepara para fazer uma razia na tesouraria, no seu caso para contratar Ricardinho, que confessou aos média espanhóis ter “uma oferta com verbas que não se voltarão a escutar no futsal”. Portanto, os opositores do presidente leonino –ora acometidos de penosa mudez –que garantiam que os salários no Sporting ‘comiam’ 70% das receitas, vão agora ter de subir a percentage­m para contemplar os valores milionário­s da transferên­cia e do contrato com o ex-benfiquist­a.

Trata-se, obviamente, de uma jogada de marketing, talvez superior à que trouxe Jorge Jesus para Alvalade. É que se a apresentaç­ão do melhor futsalista mundial se der no sábado, a minutos do dérbi, isso esboroará ainda mais a autoestima encarnada no momento de um confronto decisivo e livrará o presidente do Sporting de apupos e assobios por longo tempo.

“Oxaláse passasse emEspanha”, comentavao­ntem o diário ‘Marca’, após a sublime homenagem que o Manchester United, através de AlexFergus­on e José Mourinho, promoveu ao ‘velho inimigo’ Arsène Wenger, antes do seu último jogo em Old Trafford, com as cores do Arsenal. Mas já a caminho do banco o público afeto à equipa da casa ovacionara um dos grandes responsáve­is pela dimensão que tem hoje a Premier. Não se poderia acrescenta­r “oxalá se passasse em Portugal”? Não vou tão longe, nem serei tão ingénuo. Por cá e para início de conversa, bastaria que os grunhos com telhados de vidros deixassem de atirar pedras aos dos vizinhos. Só que mesmo isso é pedir-lhes demasiado.

O último parágrafo é dedicado à roda da sorte que encravou para dois técnicos portuguese­s. Um é Leonardo Jardim, que viu o Monaco cair para terceiro lugar da Ligue 1, que não dará acesso direto à Champions, após mais uma exibição dececionan­te. O outro é Carlos Carvalhal, que tem o Swansea de novo ‘encostado’ às posições de descida na Premier. Afé dos galeses está agora concentrad­a na última das duas jornadas que faltam, em que receberão em casa o Stoke City, adversário direto que terá forçosamen­te de vencer. Treinador sofre, a vida é dura.

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