Record (Portugal)

“Cor preferida da minha filha era o vermelho, agora é o verde”

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A sua filha foi também uma das estrelas do campeonato. No final de cada jogo cumpriment­ava os jogadores e os adeptos. AD – Ela é um anjo. Desde pequena que está comigo, acompanham­e sempre. Nesta época houve até uma história curiosa: a cor preferida dela era o vermelho e agora é o verde. Também ficou encantada com a forma como foi recebida e por tudo o que viveu no Pavilhão João Rocha! Único.

Afamília gostou de Portugal? AD – No primeiro mês vivi em Espinho e depois fui para Vila Nova de Gaia. Gostamos muito de Portugal. Tivemos oportunida­de de conhecer vários sítios, Lisboa, Porto, Coimbra, Fátima, Nazaré. É tudo lindo.

O voleibol é uma das modalidade­s rainhas em Cuba. É voleibolis­ta porquê?

AD – Sempre joguei basebol. Os meus tios também jogavam. Aos 13 anos, uma professora convidou-me para experiment­ar o voleibol porque havia uma competição dois meses depois e estava à procura de jogadores. Era alto, tinha o dobro do tamanho dos rapazes da minha idade. Aceitei e fui. Depois de acabar o campeonato, fui convidado para a seleção de cadetes. Fiquei indeciso. Não queria deixar o basebol, mas também não queria recusar o convite para jogar numa seleção, pois era uma grande oportunida­de. Aconselhei-me com os meus pais e eles disseram-me para experiment­ar. Se não gostasse, poderia sempre desistir. Fui e as coisas foram correndo sempre muito bem. Trabalhei e dediquei-me muito. Durante algum tempo continuei a praticar basebol às escondidas, porque gostava mui- to. Mas depois tive de parar, porque era perigoso para as lesões.

Por Cuba, ganhou muitas competiçõe­s...

AD – Muito bonito. Como o momento que vivi pelo Sporting. Nunca os vou esquecer.

Acabou por deixar Cuba e ir para Itália, obtendo a nacionalid­ade. Por que deixou o seu país? AD – Era o melhor campeonato do Mundo, onde todos queriam jogar. Na altura, o Brasil, a Polónia e a Rússia não tinham campeonato­s tão fortes. Em Cuba já tínhamos chegado às finais de todas as competiçõe­s e todos queriam jogar em Itália.

Há muitos atletas que deixam Cuba para jogarem na Eu-

”O JOGADOR CUBANO TRABALHA MUITO. QUANDO NOS CONTRATAM, SABEM QUE VAMOS DAR TUDO”

ropa. Em Portugal temos a judoca Yahima Ramirez e agora o saltador Pablo Pichardo. Vão à procura de melhores contratos? AD – Não. Não tem nada a ver. O jogador cubano, como disse, é muito trabalhado­r, treinamos muito. Quando nos contratam, sabem que vamos dar tudo. A única situação em que facilita é nas viagens por causa dos vistos. Para ter melhores contratos, não.

Terminou a dinastia Castro e entrou Miguel Díaz-Canel. Haverá mudanças radicais?

AD – Está melhor e espero que continue a melhorar. Agora, alguns cubanos já podem comprar casa e abrir o próprio negócio. Espero que abram as portas para o mercado internacio­nal. *

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FAMÍLIA. A filha também brilhou nos pavilhões

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