Record (Portugal)

Sérgio, o recuperado­r de ativos

NÃO É DE MAIS FAZER CHOVER NO MOLHADO PARA SUBLINHAR A MENOS VALORIZADA DAS CAPACIDADE­S DO TREINADOR PORTISTA: A DE REABILITAR JOGADORES DESVALORIZ­ADOS

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Naquele tipo de comentário esquizofré­nico tão comum em Portugal, ecoam por montes e vales as odes de glória a Sérgio Conceição – agora que não resta outra coisa. Mas quero cair nesse pecado e insistir em fazer chover no molhado para sublinhar o que noto ser menos valorizado nas capacidade­s do treinador do FC Porto: a notável recuperaçã­o de jogadores a que com tanto sucesso se dedicou.

Volteiarec­ordar esse ‘pormenor’, no sábado, na ‘manif’ dos Aliados, perante duas imagens emblemátic­as, ambas com o mesmo intérprete, o internacio­nal mexicano Héctor Herrera – símbolo máximo dos futebolist­as desvaloriz­ados por Nuno Espírito Santo. A primeira foi a erguer o troféu de campeão, na varanda da Câmara Municipal do Porto, e a segunda a falar ao ouvido de Sérgio Conceição, que lhe bateu no braço em sinal de concordânc­ia e talvez de agradecime­nto. Estava lá tudo.

Nuno já demonstrou a sua capacidade como treinador, confirmada pela magnífica campanha doWolverha­mpton, que subiuà Premier. Ma sé umtéc nico que não perde energias com o trabalho psicológic­o e que desiste daqueles de quem não gosta ou que entende que constituem um problema. Foi assim que pôs ativos como Brahimi, Aboubakar, Corona, Layun, Marega ou Diego Reyes a preços de saldo e que encerrou numa montra Herrera, colocando-lhe ao peito o cartaz de ‘pior jogador do Mundo’. Sim, não exagero, lembrome bem do coro de críticas em que alinharam supostos entendidos, alguns afetos ao FC Porto, que não hesitaram em ‘enterrar’ um profission­al tecnicamen­te dotado e taticament­e quase perfeito – e que deixa corpo e alma em campo – para fazer vénias a quem mandava, um clássico habitual entre nós. Foi este raciocí- nio tortuoso que Sérgio Conceição desfez, com talento e competênci­a. Chapeau!

Com êxitos sucessivos em diversas modalidade­s e após ter conseguido o mais difícil, apanhar o Benfica na classifica­ção, o Sporting perdeu, na última jornada, a possibilid­ade de vir a qualificar-se para a Champions. São milhões de euros a voar por culpa de quem criou a instabilid­ade à volta da equipa. Disputada a final da Taça de Portugal, vai ser interessan­te assistir aos ajustes de contas. A coisa promete.

Que faz um dirigente queécastig­ado e fica impedido de ir para o banco num dérbi? Recorre e lá vai ele, sentar-se onde era suposto não estar. E que faz um jogador que agride um adversário eé punido com dois jogos? Recorre e pode disputar o desafio seguinte. É por estas e por outras que o futebol por tuguê sé arebal daria total. Depois, queixam-se.

O parágrafo de fecho vai para o triunfo no Mundial de snooker do galês Mark Williams, de 43 anos, que venceu outra lenda, John Higgins, e conquistou o seu terceiro título. A final, no início da última semana, foi épica, pelo duelo dos mestres mas igualmente pela excelência dos comentário­s de Miguel Sancho e Rui Calafate, que deram, no Eurosport, um espetáculo à parte, com um trabalho ao nível daquele a que nos habituámos no acompanham­ento do ciclismo – e atenção ao Giro que está agora em alta!

DIRIGENTES E JOGADORES PUNIDOS RECORREM E GANHAM: É A REBALDARIA TOTAL

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