ANDEBOL ARRISCA DESCIDA EM ESQUEMA DE CORRUPÇÃO
Leões na mira do Ministério Público e da Federação após empresário Paulo Silva revelar corrupção de árbitros
RECORD TENTOU FALAR COM JOÃO GONÇALVES E GONÇALO RODRIGUES, MAS OS AGENTES NÃO ATENDERAM A SOLICITAÇÃO
O Sporting, que se sagrou bicampeão de andebol recentemente, arrisca-se a perder o título conquistado na época transata ou mesmo descer de divisão. Notícias publicadas ontem pelo ‘Correio da Manhã’ comprometem agentes ligados aos leões que, alegadamente, corromperam árbitros, estando o caso sob alçada do Ministério Público e da Federação de Andebol de Portugal (FAP). A sanção pode vir a ser desportiva e/ou mesmo civil, no caso dos agentes – um ilícito desta ordem pode ser condenado até cinco anos de prisão –, perante os alegados crimes praticados pelos empresários Paulo Silva (dedicava-se à prospeção de jogadores de futebol) e João Gonçalves, com ligações a funcionários do Sporting, como Gonçalo Rodrigues e André Geraldes, ambos do gabinete de apoio ao atleta – este último desempenha agora funções de team manager da equipa de futebol, sendo o braço-direito do presidente Bruno de Carvalho. A investigação do ‘Correio da Manhã’, documentada com a gravação de trocas de mensagens de voz através da aplicação Whatsapp, denuncia um esquema sem precedentes, viciando o campeonato 2016/17.
O principal implicado é Paulo Silva, que, em declarações àquele diário, assume-se autor de corrupção ativa. Por exemplo, revelou ter comprado, por 2.000 euros, os árbitros do decisivo Benfica-FC Porto, de 20 de maio de 2017, que os encarnados venceram 28-27, resultado que deixou o Sporting na frente da tabela. Em conversas com João Gonçalo, Paulo Silva, que se diz sportinguista e confessou que fez tudo aquilo para ajudar o seu clube – recebendo comissões de 350 euros –, revela também que pagou 1.500 euros aos árbitros para garantir que o Sporting vencia o Benfica a 31 de maio de 2017, no jogo que deu o título – os leões ganharam 25-23. Mas a pressão sobre os árbitros não se ficou por aqui. Segundo o empresário, também houve tentativa de subornar um árbitro do Águas Santas-Sporting, sem sucesso. Os jogos ABC-FC Porto, FC Porto-Sporting e a final da Taça de Portugal, ABC-Sporting, também estão sob investigação judicial. Paulo Silva, que jurou estar arrependido do que fez, pede que isso seja levado em linha de conta, alegou também que as práticas ilícitas são crimes correntes e de vários clubes. “Cometi vários crimes pelo meu sportinguismo. Porque isto é transversal a todas as modalidades, a todos os clubes. Teve de ser assim para combater a fraude que existia.”
A relação de Paulo Silva com o Sporting acabou porque, segundo explicou, a equipa de andebol dos leões “é fabulosa” e não seria preciso mais ajudas. *