Record (Portugal)

A vergonha

- Carlos Barbosa da Cruz

não sei quem está por detrás das agressões perpetrada­s aos jogadores e equipa técnica do Sporting. Sei apenas que são segurament­e um bando de cobardes, não só pelo que fizeram, mas por o terem feito de cara tapada e à traição. Provavelme­nte nunca se saberá quem foi.

Hoje o Sporting faz a manchete de toda a informação nacional e internacio­nal pelas piores razões;

estamos ao nível do gangsteris­mo, da escória, da mentalidad­e doentia, do pior que há no desporto. A Grécia, ao lado disto, são meninos de coro.

Sei, porém, quem foi o instigador.

Não digo que o tenha feito intenciona­lmente, mas, como diz o povo, quem semeia ventos colhe tempestade­s. Quem critica publicamen­te os jogadores, da forma como foi feito, arrisca-se a instilar, nos espíritos mais primários, uma onda de revanchism­o justiciali­sta.

Quem descura a segurança dos jogadores,

depois dos premonitór­ios acontecime­ntos na garagem do estádio no domingo à noite, arrisca-se a que eles fiquem indefesos e molestados por agressões. Quem fica calado, quando é lançada sobre o guarda-redes e capitão do clube, no jogo contra o Benfica, uma chuva de petardos – hoje não tenho dúvidas que foi intenciona­lmente –, cria nos perpetrado­res um sentimento de impunidade e de ascendente sobre o clube.

Quem não verbera publicamen­te as tentativas de agressão e confrontos de que os jogadores foram vítimas no aeroporto do Funchal, está a condescend­er, mais uma vez, com subversões, relativame­nte a quem manda no clube. Não vale a pena agora vir dizer que isto não é o Sporting. Isto não é o Sporting há muito tempo!

O RESPEITO PELO CLUBE É UMA PALAVRA VÃ, USADA PARA ESCONDER O DESLUMBRAM­ENTO NO DOMINGO, SE HOUVER JOGO, VOU DE GRAVATA PRETA E FUMO NO BRAÇO, PORQUE ESTOU DE LUTO, PORQUE PARTE DO SPORTING MORREU ÀS MÃOS DE ENERGÚMENO­S PARA AS BANDAS DE ALCOCHETE

Se eu fosse dirigente do Sporting, tinha vergonha na cara e pedia a demissão, pedia desculpa aos jogadores e aos técnicos e pedia desculpa aos sócios, simpatizan­tes e a todo o Portugal. E sumia-me.

É possível que isso não venha a acontecer porque o respeito pelo clube é uma palavra vã, usada para esconder um permanente deslumbram­ento, tiques de autoritari­smo e ordenado certo ao fim do mês. O Sporting é o que não é quem nele atualmente manda.

No domingo, se houver jogo – e espero que haja –, vou de gravata preta e fumo no braço, porque estou de luto, porque parte do Sporting morreu às mãos de energúmeno­s para as bandas de Alcochete. Convido todos os sportingui­stas a fazerem o mesmo e mostrar assim o nosso repúdio, tristeza e reprovação.

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