A vergonha
não sei quem está por detrás das agressões perpetradas aos jogadores e equipa técnica do Sporting. Sei apenas que são seguramente um bando de cobardes, não só pelo que fizeram, mas por o terem feito de cara tapada e à traição. Provavelmente nunca se saberá quem foi.
Hoje o Sporting faz a manchete de toda a informação nacional e internacional pelas piores razões;
estamos ao nível do gangsterismo, da escória, da mentalidade doentia, do pior que há no desporto. A Grécia, ao lado disto, são meninos de coro.
Sei, porém, quem foi o instigador.
Não digo que o tenha feito intencionalmente, mas, como diz o povo, quem semeia ventos colhe tempestades. Quem critica publicamente os jogadores, da forma como foi feito, arrisca-se a instilar, nos espíritos mais primários, uma onda de revanchismo justicialista.
Quem descura a segurança dos jogadores,
depois dos premonitórios acontecimentos na garagem do estádio no domingo à noite, arrisca-se a que eles fiquem indefesos e molestados por agressões. Quem fica calado, quando é lançada sobre o guarda-redes e capitão do clube, no jogo contra o Benfica, uma chuva de petardos – hoje não tenho dúvidas que foi intencionalmente –, cria nos perpetradores um sentimento de impunidade e de ascendente sobre o clube.
Quem não verbera publicamente as tentativas de agressão e confrontos de que os jogadores foram vítimas no aeroporto do Funchal, está a condescender, mais uma vez, com subversões, relativamente a quem manda no clube. Não vale a pena agora vir dizer que isto não é o Sporting. Isto não é o Sporting há muito tempo!
O RESPEITO PELO CLUBE É UMA PALAVRA VÃ, USADA PARA ESCONDER O DESLUMBRAMENTO NO DOMINGO, SE HOUVER JOGO, VOU DE GRAVATA PRETA E FUMO NO BRAÇO, PORQUE ESTOU DE LUTO, PORQUE PARTE DO SPORTING MORREU ÀS MÃOS DE ENERGÚMENOS PARA AS BANDAS DE ALCOCHETE
Se eu fosse dirigente do Sporting, tinha vergonha na cara e pedia a demissão, pedia desculpa aos jogadores e aos técnicos e pedia desculpa aos sócios, simpatizantes e a todo o Portugal. E sumia-me.
É possível que isso não venha a acontecer porque o respeito pelo clube é uma palavra vã, usada para esconder um permanente deslumbramento, tiques de autoritarismo e ordenado certo ao fim do mês. O Sporting é o que não é quem nele atualmente manda.
No domingo, se houver jogo – e espero que haja –, vou de gravata preta e fumo no braço, porque estou de luto, porque parte do Sporting morreu às mãos de energúmenos para as bandas de Alcochete. Convido todos os sportinguistas a fazerem o mesmo e mostrar assim o nosso repúdio, tristeza e reprovação.