Record (Portugal)

Imagens de guerra

- Sérgio Krithinas

Sem legendas, a imagem daquele grupo de adeptos, de cara tapada, a correr em direção aos portões da Academia de Alcochete, poderia ser retirada de um documentár­io de guerra. Um exército – era disso que se tratava – disposto a desafiar a Justiça e as leis basilares de vida em sociedade para agredir um grupo de pessoas – e aqui não interessa se são jogadores, treinadore­s ou roupeiros.

Hápoucas palavras para definir tudo o que aconteceu ontem à tarde. Há, no entanto, um significad­o simbólico na invasão ao balneário. É um espaço sagrado para os jogadores, um templo exclusivo para o plantel, de onde nada deve sair e onde ninguém deve entrar, pelo menos sem bater à por

AQUELE EXÉRCITO QUIS DIZER QUE É DONO DO CLUBE, DESDE A BANCADA AO BALNEÁRIO

ta. Com aquela invasão, aquele exército quis dizer que é dono do clube, desde a bancada ao balneário. Aquele exército quis dizer que é maior do que o clube.

Estes são os exércitos que os clubes – e isto não é um exclusivo do Sporting – criaram e alimentara­m nos últimos anos. Obviamente que aquela invasão não resultou de uma concentraç­ão espontânea ou de um impulso pelos maus resultados recentes. Foi algo pensado, planeado, possivelme­nte como parte de um plano maior.

Bruno de Carvalho quis fazer disto um caso de polícia, equiparand­o-o a situações do dia-a-dia, como se nada tivesse ocorrido bem dentro no coração do clube. O presidente tem a sua realidade, ou pelo menos parece querer convencer o mundo de uma realidade alternativ­a. Fazia-lhe bem um banho de realidade real. Ou tudo pode piorar para o Sporting.

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