FREDERICO VARANDAS
se ele me manteve, porque não foi ele que me foi buscar, foi porque me reconheceu competência e lealdade. Eu sou militar. Para mim a cadeia de comando é sagrada. E é exatamente por respeito ao presidente Bruno de Carvalho que peço a demissão.
O comunicado que fez fala de uma‘faceta autocrática e sectária’ de Bruno de Carvalho. Aque se refere concretamente?
FV – Não quero... São traços, são consequências que levaram, para mim, ao degradar e ao estado praticamente de guerra civil. E acabou por se materializar mesmo em ofensas. Considero que Bruno de Carvalho se afastou. Tenho muito orgulho em ter pertencido e fazer parte de um legado que também é meu, material e imaterial, no que foram os primeiros anos de Bruno de Carvalho. Ele deu voz aos sócios, deu-lhes vida, dinâmica...
Mas houve um momento em que perdeu a confiança nele?
FV – E houve um momento em que, como lhe disse, ele se foi desviando desses valores.
Quando foi? Madrid?
FV – São os últimos meses. Não vou especificar. Não interessa neste momento. Acho que não faço bem ao Sporting se falar disso agora. Considero é que o Sporting está doente. Para mim, está doente. Não vale a pena olhar para adversários. Eu percebo o adepto. ‘Quem é que vamos buscar?’ Esqueçam. Enquanto não tivermos um estado de paz saudável e formos um exército realmente forte, nem vale a pena falarmos de adversários. Isso só é possível num Sporting em paz e unido. Um Sporting em que não haja notáveis, não sei o que isso é, ilustres, mas onde não haja também sportingados. Eu sou Sporting. Não sou o Sporting. E existem Sporting e sportinguistas. Não existem sportinguistas de primeira ou segunda.
Há só um Sporting?
FV – Há só um. Comigo é assim.
Mas não acha que o clube está dividido?
FV – O clube está mais do que dividido.
E como faz essa mudança?
FV – Não existe clube só com adeptos, não existe. Têm de existir pro- fissionais. E têm de se criar as condições para haver uma harmonia entre os adeptos e os profissionais. Essa harmonia foi quebrada. Pior. Não só deixou de haver harmonia como passou a haver um ambiente mau. E culminámos com quebra de ligação entre os próprios adeptos. A final do Jamor é um ambiente horrível. Polícia por todo o lado. Eu tinha a minha família nas bancadas. Estamos em guerra civil?! O Sporting?! Há que restaurar, há que regenerar. Reconheço competência a Bruno de Carvalho. Mas conheço que ele não tem capacidade para regenerar, para unificar.
Não tem condições para ser presidente do Sporting ?
FV – Para mim, o presidente do Sporting tem de saber regenerar, unificar, dar paz, conduzir todos na mesma direção. E não vejo Bruno de Carvalho com essas capacidades neste momento. *