Record (Portugal)

“Os grandes profission­ais do Sporting deram tudo”

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Sem retirar naturalmen­te mérito ao Aves, houve no Jamor um fator que foi determinan­te, depois daquele absurdo incidente que afetou o plantel do Sporting. Por um lado temos o Aves, que estava no topo no plano físico e psicológic­o, e depois há o outro, totalmente oposto, no Sporting, com jogadores de rastos nos dois planos. O que acha que pesou mais?

JM – Obviamente somos obrigados a admitir que o que se passou foi terrível e não devia ter acontecido pura e simplesmen­te e isso teve muito peso no capítulo psicológic­o, mas em termos físicos não teve, pois os jogadores do Sporting são grandes profission­ais e sabemos que todos eles se preparam fisicament­e para a final, até porque estamos a falar de um plantel no qual um terço vai ao Mundial e não podia descurar isso. Eles treinaram. Nós sabemos que eles treinaram e por isso acaba por ser uma falsa questão. Fizeram o trabalho de casa. Acredito que até 5ª feira ou 6ª os jogadores do Sporting estavam ainda muito afetados psicologic­amente com o que se passou. Isso é normal em função do que aconteceu, mas depois disso eles concentrar­am-se só no jogo e queriam provar a toda a gente que são grandes profission­ais. E atenção, que são: os jogadores do Sporting deram tudo o que tinham para ganhar aquele jogo. Os profission­ais do Sporting trabalhara­m muito durante o jogo, deram tudo o que estava ao seu alcance e por isso é que acabaram esgotados e tristes também por isso. A maior parte dos jogadores do Sporting acabou o jogo no limite e esgotadíss­imos porque, de facto, fizeram tudo para dar uma grande alegria aos seu adeptos e re- tirar até um pouco daquele intensa pressão que estava sobre eles. Eles queriam dar aquela chamada bofetada de luva branca, mas no jogo propriamen­te dito houve um problema chamado Aves.

E houve aquela ‘pontinha’ de sorte que também ajuda?

JM – Claro que sim e não tenho problemas em reconhecer isso. É claro que tivemos a sorte do jogo, princi- palmente naqueles dois momentos do Gelson nos minutos iniciais, em que o Quim também esteve em grande. Se o Sporting tivesse feito golo ali, o jogo seria completame­nte diferente e, se calhar, até nem estávamos aqui a falar desta histórica conquista do Aves. Uma equipa como o Sporting, se se apanhasse a vencer aquele jogo, ia gerir as coisas como muito bem sabe e acabava eventualme­nte até por ganhar, mas isto já faz parte do jogo e foi também aí que a nossa equipa começou a acreditar ainda mais que era possível e aquele nosso primeiro golo foi o mote. A nossa equipa ficou ainda mais confiante e com outra motivação. A nossa estratégia estava montada nesse sentido, de marcarmos primeiro e depois gerir as coisas em vantagem e, a partir do nosso golo, os jogadores do Sporting tiveram ainda mais dificuldad­es para construir as suas jogadas ofensivas, de fazer o seu jogo interior, os seus movimentos com tabelas consecutiv­as e de grande dinâmica…

Enfim, acabou por ser ‘apenas’ um bom jogo de futebol?

JM – Não tenho dúvidas. Apesar do que se passou antes, acabou por ser um jogo até muito interessan­te de se ver. Foi uma grande final em todos os aspetos e mais um: no plano tático e estratégic­o. Aí o Aves esteve muitíssimo bem e as pessoas que percebem de futebol e que não querem criticar só por criticar devem saber reconhecer isso. Acabou por ser um jogo de futebol de grande emoção, com duas grandes equipas em que, mais uma vez, a equipa dita mais pequena e que não era favorita à vitória acabou por vencer. Mas atenção que isto dá muito trabalho, muito mesmo, é muito difícil de conseguir e não é por acaso que são acontecime­ntos mais raros. Nós fizemos história! *

“O QUE SE PASSOU FOI TERRÍVEL, MAS SÓ TEVE PESO NO CAPÍTULO PSICOLÓGIC­O. ELES TREINARAM E FIZERAM O TRABALHO DE CASA”

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