Record (Portugal)

OS SUCESSORES DE FARAH

Na primeira época na pista sem o bicampeão olímpico, há muita gente a tentar afirmar-se

- NORBERTO SANTOS

Há muito que estava decidido. Mo Farah, bicampeão olímpico em 5.000 metros e 10.000 metros, queria dedicar-se à estrada após o Mundial de Londres, em 2017. Não tinha mais nada a ganhar e, com 34 anos, as exigências eram enormes em termos físicos. Ao quebrar o recorde britânico (que tinha 33 anos) na Maratona de Londres (foi 3º com 2.06.32 horas), em abril, mostrou que a opção valeu a pena.

A pouco mais de dois meses do Europeu em Berlim (7 a 12 de agosto), é tempo de olhar para os sucessores de Mo Farah. E a verdade é que o título poderá ir para outro atleta nascido num outro continente, pois países como França, Itália, Bélgica e Espanha contam com atletas de origem africana de alto nível. Naturalmen­te que há exceções e um caso evidente é o do alemão Richard Ringer, de 29 anos, que lidera o ranking europeu dos 10.000 metros (27.36,52), sendo o 7º a nível mundial este ano. O atleta germânico, antigo especialis­ta de 5.000 metros, tem tido uma evolução gradual: já foi bronze no Europeu de 2016, depois de ter sido quarto em 2014 na légua. Porém, tanto nos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro (38º) como no Mundial em Londres (32º) desiludiu. A França conta com Morhad Amdouni, nascido em Porto-Vecchio, na Córsega, há 30 anos. É rápido e as indicações nos 5.000 metros permitem dizer que estará na linha da frente. A Bélgica confia em Soufiane Bouchikhi, que foi 5º no Europeu de crosse, em 2017, e fez a terceira melhor marca europeia do ano. Tem 28 anos e experiênci­a. Por seu lado, a Itália apresenta uma revelação. Trata-se de Yemane- berhan Crippa, de 21 anos, que já bateu o recorde de Itália de sub-23 nos 10.000 metros, com 27.44,65 minutos, superando o registo de Francesco Pannetta. Nasceu na Etiópia, mas devido ao faleciment­o dos pais em 2001, quando tinha 5 anos, foi adotado por um casal italiano. Tem condições para ir longe e como júnior foi campeão europeu de crosse em 2014 e 2015.

Portugal fora da corrida

Já Portugal não está em condições de se aproximar do topo e a marca de Samuel Barata (28.24,85 minutos) representa só uma lufada de ar fresco, sendo o 14º europeu em 2018. A crise do meio-fundo português é evidente, particular­mente em masculinos, e nada parece indicar que melhore. Os horizontes de Samuel Barata para o Europeu apontam para um lugar nos finalistas (oito primeiros), o que seria bastante animador face à sua idade: faz 25 anos a 19 de julho. *

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CAMPEÃO. Mo Farah deixou as pistas para se dedicar às provas de estrada depois do título mundial de 2017

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