SÓ PARA CRESCIDOS
A Quantic Dream voltou a acertar em cheio com Detroit: Become Human. Depois de jogos de luxo como Fahrenheit, Heavy Rain e Beyond: Two Souls, onde a base foi sempre uma experiência narrativa desafiante e madura, chegámos à fase Premium da equipa de David Cage, autor de mais uma verdadeira obra-prima. E fiquem desde já com a certeza de que não se trata de um jogo para crianças ou para quem busca diversão pura e dura. Nesta versão de Detroit do ano 2038 somos obrigados a crescer, a pensar e a tomar decisões de forma racio- nal, sem os habituais artifícios de muitos títulos do mercado. Passemos então ao que interessa. Estamos nos Estados Unidos, o mundo está bem diferente e os androides tornaram-se parte do dia-a-dia na Terra. São eles que limpam, são eles que fazem as tarefas que os humanos não querem fazer e são eles o elo mais fraco de uma sociedade podre. Por segundos pensaram que estava a escrever sobre os emigrantes que Trump tanto odeia, mas não, continuamos a falar de um videojogo. E é mesmo essa a magia de Detroit: Become Human – obrigar o utilizador a pensar em temas tão im- portantes quanto a escravatura, o racismo, o machismo gritante da nossa sociedade e muitas outras desigualdades sociais. Mas não o fazemos num registo delicodoce e cheio de bons conselhos morais. Nada disso. Estamos literalmente no ‘buraco’, porque tomamos as dores de três androides, cada um deles com o seu drama pessoal. O resto é história. Literalmente. Cada decisão que tomamos, à imagem do que sucedia nos anteriores jogos da Quantic Dream, vai determinar aquilo em que nos tornamos ao longo da narrativa. E há momentos bem complicados em termos emocionais. Se em termos de jogabilidade não existem complicações, no lado mental a coisa não é tão fácil... Feitas as contas, não vamos encontrar nada com esta qualidade narrativa nos próximos anos. Um jogo feito filme. *
Detroit: BecomeHuman émaisumapérolarefinada daQuanticDreameconta comumanarrativadeluxo EQUIPA DE DAVID CAGE ATINGIU FASE DE ENORME MATURIDADE E O PRODUTO FINAL É UMA PEÇA DE ARTE NO MUSEU DO GAMING