Record (Portugal)

Dalot sabe jogar, YA

DUAS SEMANAS DEPOIS DE TER ELOGIADO OS TALENTOS DO FUTEBOL PORTUGUÊS, JOSÉ MOURINHO ESTÁ PERTO DE CONTRATAR UM DOS QUE PREENCHEM OS REQUISITOS DO MANCHESTER UNITED

- David Novo Editor adjunto

Nos vários assuntos interessan­tes da entrevista que José Mourinho deu a Record e à CMTV este mês, houve um que me despertou curiosidad­e. O treinador português desvendou um pouco da forma como funciona o scouting do Manchester United, uma área cada vez mais prepondera­nte nos clubes. “No nosso sistema avaliamos os jogadores de A a F e temos o YA - Young A. É aquele que está preparado para entrar direto. Eu pessoalmen­te gosto dos A e YA. E em Portugal há YA”, revelou José Mourinho.

Os entrevista­dores, António Magalhães, diretor de Record, e João Ferreira, um dos rostos da CMTV, aproveitar­am a deixa. “Muitos?”, perguntara­m. “Alguns, não muitos”, respondeu o técnico. “No Spor- ting, Benfica ou FC Porto?”, insistiram os jornalista­s. “Em todos os eles”, limitou-se a dizer o agora ‘Mature One’. O que os meus colegas queriam era que Mourinho revelasse os talentos do futebol português que lhe enchem as medidas. Mas o treinador, experiente no meio, já sabe como funciona o negócio. “O mercado é cada vez mais difícil. E se disser o nome de algum jogador, mesmo que não o queira contratar... puff, já explodiu a notícia.” Bem, a notícia já explodiu: Diogo Dalot vai ser, salvo qualquer imprevisto, jogador do Manchester United. E servem os excertos da entrevista para explicar onde quero chegar. Não tenho a mínima dúvida de que o o lateral do FC Porto é avaliado pelo Manchester United como um YA, um ‘Young A’ com qualidade para o plantel principal, apesar dos 19 anos.

Nos dias que correm, além dos observador­es, há plataforma­s digitais de vídeo e estatístic­a que ajudam os grandes clubes a fazer scouting. Ou seja, os futuros craques de cada país estão perfeitame­nte identifica­dos pelos tubarões europeus, os que mais têm dinheiro para investir na rede de prospeção. Para muitos, Diogo Dalot pode ser apenas um jovem com historial nas seleções portuguesa­s e que se estreou esta época na equipa principal do FC Porto; para os colossos, é futebolist­a que está nos relatórios há muito tempo. Sim, porque, por muito dinheiro que se tenha, não é à toa que se gasta mais de 20 milhões de euros, acima da cláusula de rescisão, para contratar um lateral com um percurso ainda curto no futebol profission­al. Mourinho também se engana, mas é raro. Quanto aos outros dados desta história, convido o leitor a ler com atenção a página 16.

O estatuto de Ricardo Pereira

e Marcano no FC Porto era mais elevado. Saem dois dos quatro titulares da defesa, o português por um valor interessan­te, o espanhol a custo zero – mais uma boa jogada de Monchi, diretor desportivo da Roma. Agora, o desafio de Sérgio Conceição é encontrar alternativ­as. E se, no ano passado, o técnico construiu um plantel campeão resgatando emprestado­s e segurando estrelas, este ano, com dinheiro, a missão parece mais fácil para o treinador portista.

NÃO É À TOA QUE SE GASTA MAIS DE 20 M€ NUM LATERAL COM UM PERCURSO AINDA CURTO

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