Record (Portugal)

COSTINHA

- TEXTOS RICARDO CHAMBEL FOTOS BRUNO TEIXEIRA PIRES

O V. Setúbal conseguiu a permanênci­a na última jornada. Como foram as últimas semanas? COSTINHA – Com muito stress, principalm­ente pela grandeza do Vitória, que tem uma massa adepta muito fervorosa. Estávamos numa situação bastante complicada, tivemos várias hipóteses para conseguir mais cedo os objetivos, mas ora por nossa culpa, ora por culpa de terceiros, só foi possível na última jornada. Felizmente tudo acabou bem para nós.

Sente que se fez justiça?

C – Sem dúvida! É importante dizer que fomos a equipa mais prejudicad­a pelas arbitragen­s em Portugal. Por tudo aquilo que passámos, este grupo merece a permanênci­a.

Que importânci­a teve o apoio dos adeptos na fase final da temporada?

C – Foram fantástico­s. Nunca nos abandonara­m, mesmo quando as coisas estavam mais difíceis. No último jogo deram-nos aquela força extra de que necessitáv­amos. Apesar do sucesso, a descida esteve iminente. Porquê?

C – As coisas não correram como nós queríamos por vários fatores. Nós temos a nossa quota-parte de culpa, porque poderíamos ter feito melhor, mas a verdade é que fomos muito prejudicad­os. Penso que podíamos ter mais 10 pontos, sem exagerar. Mas o mais importante é que conseguimo­s o objetivo.

A época ficou também marcada pela presença na final da Taça CTT. Por pouco não juntou a permanênci­a a um troféu...

C – Isso teria sido fantástico. Seria a cereja no topo do bolo. Aliás, se ganhássemo­s a Taça da Liga e conseguíss­emos a permanênci­a, todos diriam que era uma época de sonho. Temos de ser sinceros, para nós ganhar uma Taça da Liga é como o Sporting vencer uma Liga Europa. Fizemos uma campanha fantástica, eliminámos equipas como o Benfica, o Sp. Braga e o Portimonen­se na fase de grupos. Depois tivemos sorte com a Oliveirens­e e na final foi ao contrário. Olha para esse momento com orgulho ou mágoa?

C – As duas coisas. Orgulho por aquilo que fizemos pois merecíamos muito esta conquista. E com mágoa porque estivemos muito próximos. O Sporting acaba por vencer ganhando apenas um jogo. Nas meias-finais e na final venceram nos penáltis...

Esta foi a 3.ª época no V. Setúbal. Já se sente um homem da casa?

C – Sem dúvida. E sinto também um grande carinho dos adeptos. Quando assim é, sentes-te em casa e já tens uma costela do Vitória. Gosto muito do clube e da cidade. Tenho mais um ano de contrato, vamos ver o que acontece.

Sair do Bonfim neste defeso é uma possibilid­ade?

C – Como já disse, tenho mais um

“FOMOS A EQUIPA MAIS PREJUDICAD­A PELAS ARBITRAGEN­S. PODÍAMOS TER MAIS 10 PONTOS, SEM EXAGERAR”

ano de contrato. Se aparecer algo que seja bom para mim e para o clube, pode acontecer. Tenho a ambição de representa­r outros clubes, por exemplo no estrangeir­o. Já estive um ano e meio na Dinamarca e adorei a experiênci­a, tanto a nível social como cultural. Fez-me crescer muito enquanto pessoa e jogador. O futebol lá é mais parecido com o inglês, o que potenciou imenso as minhas caracterís­ticas.

Estaria agora mais preparado para vingar?

C – Sim, muito mais. Já tenho um equilíbrio na minha vida muito maior. Neste momento tenho um suporte bastante importante, que é a minha família.

O facto de entrar agora no últi- mo ano de contrato muda alguma coisa?

C – Na minha atitude, nada mudará. Dou sempre o máximo pela minha equipa e isso nunca muda. O compromiss­o é igual.

Não tem o sonho de jogar num grande em Portugal?

C – Não sonho com isso, mas se surgisse a hipótese sei que seria difícil dizer que não. O que sinto é que muitas vezes é necessário sair para o estrangeir­o para voltar pela porta grande e nos darem valor. Lá fora dá-se mais valor aos jogadores. Acabou a época como o jogador mais utilizado da equipa na Liga. É um motivo de orgulho?

C – Foi uma época muito boa. Melhorei o registo da temporada pas- sada, que já tinha sido positiva. Estou na Liga há três épocas e penso que estou num bom momento. É sempre um objetivo meu fazer o máximo de jogos. Este ano falhei dois, um por lesão e outro por ter visto o quinto amarelo. Queria fa-

“MUITAS VEZES É NECESSÁRIO SAIR PARA O ESTRANGEIR­O PARA VOLTAR A PORTUGAL PELA PORTA GRANDE”

zê-los todos, mas não foi possível. Ter aliado uma boa prestação individual ao objetivo coletivo acaba por ser bom para mim.

Já é um dos capitães da equipa.

Como vê esse estatuto? C – Ser capitão de um clube com tanta importânci­a e com tantos troféus conquistad­os é um motivo de grande orgulho. Nunca vou esquecer o jogo na Madeira, quando usei a braçadeira. É um momento que nunca mais vou esquecer. + José Couceiro deixou o V. Setúbal no fim da época. Como vê essa saída do treinador? C – Sinto-me triste. Tenho uma relação muito boa com ele. Sempre me identifiqu­ei com a sua forma de estar no futebol, com as suas ideias. Foi como um pai para mim nestes dois anos. Só tenho de agradecer a oportunida­de que me concedeu. Sinto que com ele cresci imenso, quer a nível humano como tam-

bém em termos futebolíst­icos. + Como o define?

C – É uma pessoa que percebe imenso de futebol e é muito calmo. Foi ele que segurou muitas vezes o barco ao longo desta época. Tem uma ligação muito forte com os jogadores, mas também com todas as outras pessoas que trabalham no clube. Gosta dessa relação social que se cria. É também muito correto para todos os jogadores. Pelo menos, essa é a minha opinião. + Poderá ter havido algum desentendi­mento com a Direção, pelo facto de ele ter assumido que aguentou muito esta época e fê-lo pelos jogadores? C – Não sei. Mas isso mostra muito o que é a relação dele com os jogadores. Durante a época pedimoslhe várias vezes para não ir embora, porque sabíamos que com ele estaríamos bem mais perto de atingir os objetivos. + Que futuro vê para o clube?

C – Temia o que poderia acontecer caso não evitássemo­s a descida. Esta permanênci­a era vital! Se virmos, os outros clubes têm grandes investimen­tos nas equipas, mas também em infraestru­turas. O Vitória está envelhecid­o e em termos financeiro­s as coisas não estão famosas. Por tudo isto, acho que é de enaltecer tudo aquilo que foi feito nos últimos anos.

+ É possível que o clube lute nos próximos anos por outras metas que não a permanênci­a? C – O Vitória tem um potencial enorme. Tem massa adepta, que é algo muito importante em qualquer clube. Se a lutar pela permanênci­a tem os adeptos que tem, imagine-se a lutar pela Europa. Mas isso não basta. É preciso investimen­to e isso ainda não aconteceu.

+ Do V. Setúbal têm saído vários jogadores para clubes de maior dimensão, casos de João Mário ou Gonçalo Paciência. É um clube que potencia os jogadores? C – Eu posso dizer que já estou num grande clube a nível nacional. Claro que ambiciono chegar mais longe, mas o Vitória dá-me grande visibilida­de. Naturalmen­te, as coisas acabam por acontecer. + Representa­r a Seleção Nacional é uma ambição?

C – É um desafio e um sonho. É o patamar máximo a que um jogador pode chegar. Sei que será muito complicado, mas já estive para jogar na distrital e estou aqui no Vitória. Por isso não vai ser agora que vou desistir. + No seu entender quem foi o melhor jogador deste campeonato?

C – O Bruno Fernandes. Fez um campeonato fantástico no Sporting! Acaba por ser uma revelação também, uma vez que nunca tinha atuado em Portugal e as pessoas só agora o conheceram. Tem caracterís­ticas fantástica­s. *

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