Dúvidas em relação ao Mundial
Nascido em Inglaterra mas com raízes lusas, chegou a Lisboa em 1994 e ‘rendeu-se’ de imediato
Nascido e criado em Inglaterra, embora filho de uma portuguesa, Tom Kundert chegou a Lisboa em 1994. As dificuldades da língua foram um problema para quem ficou rendido de imediato ao futebol luso, seja a nível de clubes ou da Seleção Nacional. E foi por isso que, anos depois, lançou o site PortuGoal.net, disponível só em língua inglesa. “As pessoas esquecem-se, mas há 15 anos era muito difícil para alguém que não falasse português saber qualquer coisa sobre o futebol nacional. Apareciam muito poucas notícias e quando as havia a informação não era boa”, lembra o jornalista, que lançou recentemente o seu segundo livro - o primeiro (‘A Journey Through Portuguese Football’) foi lançado em 2013 –, dedicado ao percurso de Portugal nas grandes provas de seleções. ‘The Thirteenth Chapter’ (ou ‘O 13º Capítulo’) tem apenas uma versão em inglês e recorda as 13 presenças da Seleção Nacional em Europeus e Mundiais. Obviamente, o sucesso no Euro’2016 serve de mote, embora inicialmente não estivessem à espera, pois o projeto já nascera antes, num trabalho a três, juntamente com o norte-americano Nathan Motz e o inglês Simon Curtis, ambos conhecidos através do site. “Tivemos de fazer uma reorganização completa. Era bom para nós e tivemos de nos focar no 13º capítulo, fazendo um livro tipo viagem. Além de descrevermos com muito pormenor o Euro’2016, também fazemos um tipo de resumo das outras provas”, revela Tom Kundert, acrescentando: “Acho muito interessante a viagem. Havia 1966, aquela coisa fantástica, e depois nada! Mas desde praticamente o Euro’2000 tem sido sempre a melhorar. Penso que era inevitável Portugal ganhar mais tarde ou mais cedo.”
Portugalidade
Também correspondente da revista ‘World Soccer’ em Portugal - além de escrever para outras revistas anglófonas -, Kundert conta agora uma dúzia de colaboradores no PortuGoal.net. Uma ideia de sucesso que beneficiou com o facto de ter coincidido com o aparecimento de Mourinho e Ronaldo. “Antes, as pessoas não ligavam muito ao futebol português e depois todo o mundo começou a ligar muito mais. E a própria Seleção começou também a ter resultados muito bons”, lembra Tom Kundert, frisando que entre os leitores estão muitos luso-descendentes. Aliás, isto estende-se ao Twitter, onde é muito ativo: “Estas pessoas têm sentimentos muito fortes, seja devido aos pais ou pelos avós. Encontro-me com muitos deles, quando vêm a Portugal. Para eles é a oportunidade para mostrarem a sua portugalidade.” * Naturalmente, o percurso da Seleção no Mundial será acompanhado a par e passo por Tom Kundert. Mas sem grandes expectativas. “Não estou muito confiante. Portugal talvez chegue aos ‘quartos’. Não estou a ver mais do que isso. Mas, lá está, com Ronaldo nunca se sabe”, lembra, acrescentando: “O grupo não vai ser fácil. Acho que Portugal é capaz de ganhar o primeiro jogo a eliminar, mas depois deverá apanhar a França ou a Argentina. Será muito difícil.” Os grandes favoritos para Tom Kundert são o Brasil e a Espanha - em especial esta última. Já a Inglaterra não inspira muita confiança, embora “esta nova geração talvez possa fazer melhor figura do que ultimamente”. *
PRIMEIRO LANÇOU UM SITE, DEPOIS VIERAM OS LIVROS. DUAS FORMAS DE ‘LEVAR’ PORTUGAL AOS LEITORES DE LÍNGUA INGLESA