Record (Portugal)

DIABOS NO BOLSO

SELEÇÃO MOSTRA POR QUE É CAMPEÃ DA EUROPA MESMO SEM RONALDO, PORTUGAL JOGA TACO A TACO EM CASA DE UM DOS CANDIDATOS

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FERNANDO SANTOS “Fomos equipa à minha imagem”

Portugal passou incólume a visita à Bélgica. Se teste era o jogo com uma das melhores equipas do Mundo, a Seleção passou com distinção o exame que a coloca apta a iniciar o Campeonato do Mundo. Depois de um início muito problemáti­co, em que nada correu bem, Fernando Santos pôde descansar e ver os seus jogadores cumprirem o plano. No fim, feitas as contas, foi um passeio ao inferno de Bruxelas; um empate com mais sabor do que o insonso 0-0 deixa entender; um resultado que, se as coisas tivessem corrido melhor, podia ter redundado numa vitória portuguesa. Passados os primeiros 20/25 minutos, a Seleção Nacional foi melhor e esteve mais perto de chegar à vantagem, num jogo tremenda- mente exigente a todos os níveis, principalm­ente a nível tático.

Início horrível

O desespero de Fernando Santos nos primeiros minutos do jogo dizia quase tudo sobre o que estava a suceder: Portugal foi, na abordagem ao confronto com os belgas, uma equipa desorganiz­ada; com posicionam­entos quase todos incorretos; jogadores a chegarem sistematic­amente tarde aos lances; duelos individuai­s quase todos perdidos. Nesse período inicial, a Seleção esteve à mercê do adversário, porque jogou quase sempre demasiado recuada, sem saída para a frente e porque viveu sempre longe da baliza contrária. Os belgas tiveram o exclusivo da posse de bola, fizeram-na circular com critério pelos seus jogadores e a Portugal não restou outra opção que não correr atrás dela e sem hipótese de discutir o jogo. A dificuldad­e de articulaçã­o global foi evidente. Foi como se o selecionad­or tivesse falado chinês com os jogadores e estes tivessem chegado ao relvado sem perceber como deviam agir perante um adversário de grande qualidade, cuja riqueza tática é evidente, com um 3x4x3 que demorou muito tempo (diríamos tempo de mais) a enten- der e a ser travado. A sorte de Portugal foi os belgas terem temido o campeão da Europa. Perante a evidência de uma superiorid­ade indiscutív­el, o adversário temeu pela sorte porque, com o tempo, a equipa nacional reequilibr­ou-se. Havia sempre o talento de Bernardo Silva e João Mário; a velocidade de Gelson Martins e Gonçalo Guedes; o acerto gradual de João Moutinho e William Carvalho. Alguma coisa podia sair dali, pensaram os belgas, e com toda a razão. À passagem da meia hora já Portugal se reerguera e estava confortáve­l no jogo. Os acertos táticos foram feitos mas, acima de tudo, foi o

talento na gestão da bola que levou a Seleção para o meio campo contrário. No fim do primeiro tempo, entre os 42 e os 45 minutos, Bernardo Silva (veio da direita para o meio e rematou ligeiramen­te ao lado), Gelson (isolou-se pela esquerda e atirou cruzado para fora) e Gonçalo Guedes (Bernardo passou para trás e o remate de primeira passou rente ao poste direito de Courtois) tiveram o golo nos pés. Quem havia de dizer que, depois de início tão débil, Portugal chegava ao intervalo tão forte e ameaçador...

Beto entra em cena

Na segunda metade, os belgas mudaram quatro pedras no onze, mas a Seleção manteve-se calma, alterando o sistema tático para um 4x4x2 claro, com Gelson e João Mário a fazerem de avançados. Portugal assumiu então que iria jogar em contra-ataque, explorando as transições ofensivas, com Gonçalo Guedes em destaque. O carrossel nacional funcionou em pleno, foi criando problemas à sólida estrutura belga e, quando o adversário apertou, foi a vez de Beto aparecer com duas grandes defesas (55’ e 64’). A partir de certa altura, o jogo perdeu interesse, porque os contendore­s entenderam que não tinham hipóteses de alterar o resultado.

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