Record (Portugal)

JOÃO AMARAL E UMA VIDA DE SUPERAÇÃO

- RICARDO VASCONCELO­S

DO CPP ATÉ AO BENFICA Reforço trabalhou numa empresa de rótulos de garrafas de vinho e ainda serviu num bar

Esta é uma daquelas histórias que podia dar um livro ou um filme. João Amaral assinou pelo Benfica e será, com toda a certeza, um dos reforços que mais lutou e sofreu até chegar ao dia mais feliz da carreira. Record partiu à descoberta das origens do agora extremo... E foi em Gaia que tudo começou. Aos 12 anos, João Amaral foi às captações do Vilanovens­e e deu logo nas vistas. Fez quase toda a formação a médio, mas nos jogos mais importante­s era ele, como central, o líder da defesa. Aos 17 anos viu-se obrigado a procurar emprego para ajudar a família e o sustento chegou de uma empresa de rótulos de garrafas de vinho. O final do expediente coincidia com o arranque dos treinos e o jogador fazia o aqueciment­o, sempre em passo acelerado, do trabalho para o estádio. Com a devida autorizaçã­o do treinador, entrava mais tarde, cansado de um dia de pé, mas sempre disposto a dar mais do que todos os outros em campo. A estreia nos seniores deu-se no vizinho Candal e o contrato era de… 75 euros/mês. Foi aí que começou a jogar no corredor direito do ataque. O Padroense gostou dele e subiu-lhe o vencimento para 200 euros. A saída de casa, sempre com o sonho de chegar a profission­al, dá-se aos 23 anos com um convite do Mirandela. O contrato foi de 300 euros, mais casa e comida. João Amaral teve um ano inteiro para se dedicar ao futebol e o primeiro contrato ‘a sério’ surgiu na época seguinte. A AD Oliveirens­e ofereceu-lhe 900 euros, mas os problemas de tesouraria dariam lugar a salários em atraso. Depois de uma curta passagem pelo Pedras Rubras, voltou para bem perto do Aeroporto Francisco Sá Carneiro. Ia e vinha do Porto e ganhava 300 euros. Como é óbvio, não chegava, e o jogador, a convite do irmão, traba- lhou cinco anos no Zenith Lounge, um bar com piscina, no topo superior de um hotel 5 estrelas, entre o Museu de Serralves e o Rio Douro. O resto da história já é bem conhecida. O sucesso no Pedras Rubras, a chegada aos 24 anos (que libertava os clubes de pagarem direitos de formação para o contratar) e um empurrão precioso do novo agente levaram João Amaral para Setúbal. A estreia na Liga deu-se logo na 2ª jornada e, curiosamen­te, no Estádio da Luz. O extremo foi titular e não mais perdeu o lugar. Acabou 2016/17 com 5 golos em 37 jogos. O salto para o Benfica dá-se depois de 9 remates certeiros em 41 partidas disputadas pelos sadinos. *

FOI MÉDIO E ATÉ JOGOU COMO DEFESA-CENTRAL, QUANDO A EXIGÊNCIA ERA MAIOR. DE GAIA ATÉ À LUZ, TEVE DE LUTAR MUITO

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SONHO. O extremo foi confirmado oficialmen­te como reforço das águias no dia 29 de maio
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