RONALDO ESTÁ DE VOLTA
‘SELEÇÃO À MEDIDA’ PAULO BATTISTA
Portugal saiu incólume da visita à Bélgica, num jogo que teve uma história fácil de contar mas muito difícil de entender. Até aos 20/25 minutos a equipa andou perdida em campo, muito recuada e sem qualquer chama ofensiva; começou por entregar a bola ao adversário e perdeu elos de ligação à estratégia previamente definida; os jogadores chegaram quase sempre tarde aos lances e deu a ideia de que o desastre estava prestes a acontecer. Fernando Santos retificou a tempo: aos 12 minutos, em pleno domínio belga, aproveitando uma pausa do jogo, chamou Bernardo Silva e Gonçalo Guedes e passou algum tempo a dar-lhes indicações. O efeito não foi imediato, mas foi depois disso que a equipa deu o primeiro passo para se reencontrar. Quando deu por ela, a Seleção Nacional estava num verdadeiro inferno, à beira do colapso, à mercê de uma das melhores seleções do Mundo – é de todo impressionante a qualidade dos jogadores belgas – e só com muito caráter conseguiu evitar a hecatombe: a equipa uniu-se, reagiu e, até ao intervalo, conseguiu mesmo inverter a tendência. Entre os 42 e os 45 minutos, Bernardo Silva, Gelson Martins e Gonçalo Guedes cheiraram o golo, sinal de que era portuguesa a tendência mais criativa e perigosa.
Toque de Santos
Na segunda parte, a Seleção Nacional surgiu com outra capacidade. O 4x4x2 foi mais claro e as mexidas nos intérpretes foi bastante pronunciada: Bernardo Silva passou de vez para a direita e Gonçalo Guedes deixou a zona central e passou para a esquerda, ficando a zona central entregue a Gelson e João Mário. As faixas laterais foram ativadas e a zona central não perdeu acutilância com dois jogadores menos rotinados no meio. Fernando Santos mexeu outra vez, quando trocou Gelson Martins por Ricardo Quaresma, estavam decorridos 63 minutos. Nessa altura, João Mário voltou à esquerda e Gonçalo Guedes regressou ao eixo do ataque, dividindo o espaço com RQ7. Esses toques de Santos visaram adaptar as competências dos nossos jogadores à ideia de transições ofensivas rápidas, quando não de contra-ataque puro. Aliás, em ataque organizado Portugal teve sérios problemas em encontrar saída nas costas da defesa belga, precisamente porque lhe faltou uma referência – André Silva entrou só aos 78 minutos. A mobilidade dos jogadores portugueses mais criativos criou muitos problemas a uma Bélgica atordoada e que, depois disso, nunca se sentiu confortável para correr riscos excessivos.
Em toda a dinâmica portuguesa revelada em Bruxelas, a ideia poderá ser encontrar os parceiros ideais para Cristiano Ronaldo. Não adianta entender aqueles movimentos isoladamente, mas sim na perspetiva de avaliá-los na presença de CR7. De qualquer modo, começa a ganhar forma a equipa com que Portugal vai atacar o Campeonato do Mundo. *
MUDANÇAS OPERADAS PELO SELECIONADOR EQUILIBRARAM A EQUIPA E CONSOLIDARAM-NA. PROCURAM-SE PARES PARA CR7