Record (Portugal)

“SPORTING ESTÁ NA UNIDADE DE CUIDADOS INTENSIVOS”

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Recentemen­te afirmou que o Sporting “está doente”. Acredita que é possível existir cura, tendo em vista a próxima temporada? FV – É, sem dúvida. A época não está comprometi­da. O Sporting é um clube especial, com muita força. Não são os resultados desportivo­s que definem o futuro do Sporting, nunca foram. São 18 anos sem vencer o campeonato, mas a lutar e a encher estádios. Não vai acontecer, mas se forem 28, serão. Não podemos é negligenci­ar e enfiar a cabeça na areia. Hoje, o Sporting nunca esteve tão dividido. A mu- dança tem de ser com alguém com capacidade de unir. E não é o gostar mais do futebol ou do hóquei, esqueçam isso. É o amor ao Sporting. Quem quiser isso, vai estar comigo. Não tenho dúvidas nenhumas que o consigo fazer.

Não será mais uma época que já está hipotecada à nascença? FV - Isso preocupava-me há uma semana. Neste momento, preocupa-me a sobrevivên­cia do Sporting como o conheci. Falar de futebol, treinador, preparação, quando está em causa a violação dos estatutos… Quem conhece futebol sabe que isto terá um preço na próxima época. Mas agora estamos a discutir coisas muito mais profundas, como a própria existência do Sporting. Estamos hoje num patamar onde o voto do sócio vale zero. E o poder do Sporting tem de estar sempre nas mãos dos sócios.

Considera então que o Sporting está em estado crítico?

FV - Está, o Sporting que conhecemos está na Unidade de Cuidados Intensivos (UCI). E temos de perceber se queremos desligar a máquina ou tirá-lo de lá. Do que depender de mim, a máquina do Sporting nunca será desligada. Mas é altura de os sócios perceberem que o Sporting está na UCI. Ando na rua, em Lisboa, e milhares de pessoas falam comigo. Sei que a larga maioria das pessoas percebe que o Sporting não está bem. O apoio que tenho tido tem sido inacreditá­vel, nem eu próprio esperava isto. Creio que as pessoas acreditam em mim como uma solução, e não como um problema. Mais do que treinadore­s ou jogadores, a função do presidente que chegar tem de ser a de unir o clube. Assim como está, partido, não ganhamos a ninguém.

O facto de não ter um passado ligado à gestão pode ser um argumento usado contra si?

FV - Em tudo na vida quando lidero, lidero uma equipa. E não lidero uma equipa de ‘yes men’. Sou forte porque a minha equipa é muito forte, sempre foi assim! É uma equipa competente, especializ­ada em cada área. Sei o que sei e sei o que tenho de ouvir. A minha força está na equipa que vou trazer - se houver eleições. A minha liderança não é autocrátic­a, sei liderar. Existem determinad­as áreas que são a minha vocação, por exemplo o ‘core’ do Sporting. Sei o que é o clube. Depois, noutras áreas específica­s vou ter um especialis­ta altamente qualificad­o. E tudo o que acontecer de mal serei eu o responsáve­l. Lidero em equipa.

Essa equipa já está pensada? Existem contactos?

FV - Está completame­nte fechada. É uma equipa jovem, profission­al e altamente competente. Não avanço com nomes, pois não estamos num ato eleitoral.

Tem alguém com passado nos órgãos sociais do clube?

FV - O Conselho Diretivo terá gente nova e competente. Mal fosse que em 170 mil sócios não houves-

“ESTAMOS HOJE A DISCUTIR A EXISTÊNCIA DO SPORTING. O PODER TEM DE ESTAR SEMPRE NAS MÃOS DOS SÓCIOS” “FICO PREOCUPADO QUANDO VEJO TARJAS DE ‘ZERO ÍDOLOS’. ISSO TEM DE ACABAR. UM CLUBE PRECISA DE ÍDOLOS: OS ATLETAS”

se pessoas com qualidade. Existe mais Sporting para além disto...

Caso venha a ser presidente, suspenderá as suas funções enquanto médico?

FV - Completame­nte. Serei um presidente profission­al, 24 sobre 24 horas. Considero esse o meio mais transparen­te que existe. Não posso exigir competênci­a se as equipas não forem profission­ais, tal como fez Bruno de Carvalho. Esse é o modelo mais transparen­te. Uma pessoa vai para presidente do Sporting e vive de quê? De onde vem o seu ordenado? Isso é que eu acho que levanta suspeitas. Para mim há um pilar fundamenta­l no Sporting: transparên­cia. E saber dignificar o Sporting sem nunca perder a competitiv­idade. Isso é um pilar básico.

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