Record (Portugal)

“Não recebemos lições de ninguém no corpo médico“

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A sua demissão deixou vaga em aberto na direção clínica do Sporting. Na sua equipa, quem será o seu ‘Varandas’? FV – Se for presidente, já tenho o departamen­to médico completame­nte fechado. E garanto que mantém a qualidade. O diretor, se calhar, até é melhor do que eu [risos]. Está definido.

Na sequência da sua saída, os restantes médicos também rescindira­m contrato com o clube, num ato solidário.

FV - Outra coisa de que fui acusado: o médico demitiu-se e ficou tudo órfão. Não exigi nenhumadem­issão embloco. Tive uma reunião com todos os médicos, expliquei o que fiz. Ficaram surpreendi­dos. Cada um tomava a decisão que entendesse, mas até 30 de junho os serviços médicos teriam de ser garantidos. E estão a ser. O despedimen­to de todos os fisioterap­eutas, isso sim, surpreende­u-me. Se há coisa onde o Sporting não recebe lições de nenhum clube, é na estrutura médica. Retaliação? Não sei. Sei que foi mais um tiro no pé, um de muitos. *

“A MINHA EQUIPA É JOVEM E COMPETENTE. TUDO O QUE ACONTECER DE MAL, SEREI EU O RESPONSÁVE­L” “ACEITO A FACETA DO PRESIDENTE-PRESIDENTE: PROFISSION­AL, COM PAIXÃO, PULSO E CABEÇA” “O SPORTING NUNCA VAI ACABAR. TEM UMA DIMENSÃO QUE JAMAIS ACABA. REERGUESE, SEJA DE ONDE FOR” “TEMA DOS FISIOTERAP­EUTAS FOI RETALIAÇÃO? NÃO SEI. SEI QUE FOI MAIS UM TIRO NO PÉ, UM DE MUITOS”

um presidente profission­al, uma pessoa com paixão e pulso, mas também com muita cabeça.

É esse o seu estilo?

FV - Existem vários, cada um tem o seu. Serei o que sempre fui: simples, transparen­te e discreto. Sei o meu lugar. O presidente está lá para servir o Sporting. Existe um espaço que é para os jogadores e um outro que é do presidente. Confesso que fico preocupado quando vou ao estádio e vejo tarjas a dizer: ‘Zero ídolos’. Isto é condenar o futuro do Sporting. Sou spor- tinguista porque cresci com o ídolo Manuel Fernandes, com o ídolo Balakov, com o ídolo Luís Figo. Nunca vai haver um miúdo de 6 anos que se torne sócio por causa do presidente. Isso não existe! Um clube precisa de ídolos. E quem é que eles são? Os atletas! Ídolos no futebol, no andebol, no hóquei em patins, na ginástica, no atletismo.

E onde encaixa aí o presidente? FV - Tem a missão de tentar tornar profission­ais em ídolos. Não podemos cultivar o ‘zero ídolos’, isso tem de acabar. Os miúdos gritam e choram pelo Rui Patrício, pelo Bas Dost, pelo William, pelo Battaglia, pelo Girão. O clube é isto, só movimenta novos sócios com ídolos.

Caso se verifiquem mais rescisões, pode encontrar o clube numa situação de falência técnica. Está preparado para isso?

FV - O Sporting nunca vai acabar, tem uma dimensão que jamais acaba. Se tiver de se reerguer, reergue-se, seja de onde for. A massa de sócios nunca acabará. Agora, depende é do nível do qual vamos ter de nos reerguer. *

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