“HOJE MARCAS DOIS” FORAM TRÊS...
em 2002, na Coreia do
Sul, prova que acompanhei como assessor de imprensa da FPF. Naturalmente, por uma questão de lealdade, não posso contar em público muitos dos episódios vividos dentro da Seleção Nacional, mas nunca esquecerei as conversas com Pauleta e as ‘táticas’ que lhe dava para marcar golos. Uma brincadeira inocente que começou antes do jogo com Andorra, em Lérida, prolongou-se em Chipre e na Luz, no encontro final do apuramento, e foi reatada, a pedido do açoriano, emSeul, após a derrota comos EUA. “Já não gostas de mim, Zé?”, perguntou-me Pauleta antes do jogo com a Polónia. “Nunca mais me disseste nada e não voltei a marcar”, disse-me. Lembrei-me da
Emtrêscontinentes
Já com o Record tive a felicidade de cobrir o Mundial em três continentes diferentes: na Alemanha (2006), na África do Sul (2010) e no Brasil (2014). Sempre em exclusivo com a Seleção Nacional. E das três vezes fui refinando os segredos do trabalho longe de casa. Confiar nos nossos companheiros de reportagem, ‘esconder’ o jogo dos camaradas dos outros meios, falar constantemente com as fontes de informação e consolidar a relação de confiança que temos de ter com elas. Porque, como fui dizendo ao longo dos anos aos companheiros mais jovens com os quais me cruzei, a única coisa que conta nesta profissão é o nosso nome profissional e a garantia que ele dá aos teus interlocutores, às tuas fontes de informa- ção. Sem o nosso nome profissional não somos nada. DaAlemanha, recordo os jogos de cartas com o José Manuel Freitas, o Pedro Sousae o Pedro Azevedo, mas também as reportagens diferentes do Filipe Duarte Santos e a‘birra’ que ele fez, após o encontro de Nuremberga, por conduzir sozinho os 500 quilómetros de regresso a Bielefeld. Na África do Sul, a aventura exce- deu tudo que podia imaginar. A nossa base emMagaliesburgfoi uma espécie de pequeno paraíso no meio do mato. As viagens de avião obrigavam-nos a sair de ‘casa’ às três da manhã e, na autoestrada, até ao aeroporto de Joanesburgo, tínhamos de estar muito atentos às sombras que saltavam das encostas, junto aos cruzamentos com semáforos. Eram trabalhadores à procura de uma boleia para a cidade.
Há quatro anos, no Brasil, estive no meu último Mundial. Tinha mais receio do que tivera na África do Sul nas questões de segurança, mas a verdade é que, mais uma vez, tudo decorreu sem incidentes especiais... a não ser com o hotel reservado em Salvador. Fui bem enganado na marcação pela internet, pois o local era mais uma casa de passe do que outra coisa. Consegui resolver o problema através de um amigo. Mas em vez de duas noites, dormimos apenas uma, no Hotel Pestana. Nasegunda, após o jogo, fizemos do hall do hotel a nossa redação, acabando a madrugada a ouvir, de longe, as histórias de umtal Kobe Bryant, que também estava ali. Desta vez, fico em casa. Mas tenho a certeza de que o Pedro Gonçalo Pinto, o Pedro Ferreira e o David Novo vos trarão, nestas páginas, as mesmas histórias de encantar que me encantaram a mim ao longo destas décadas. Eles vão com mala para 15 dias, mas prontos para ficarem mais de 30! *