APARÊNCIAS PODEM ILUDIR
Espanhóis são favoritos mas Irão e Marrocos não devem ser olhados como sacos de pancada
Manter- se fiel a um ideário de posse, de controlo e de futebol associativo, impondo maior dinamismo e agressividade – principalmente na reação à perda –, foi a aposta de Lopetegui para romper com as participações funestas de La Roja no Mundial’2014 e no Euro’2016. Um processo que foi acompanhado pela aposta num jogo mais vertical e direto, e pela indispensável renovação do quadro de jogadores, mais visível no lote de opções de recurso, de que são exemplo Asensio, Rodrigo, Lucas Vázquez ou Odriozola, do que no onze titular, onde Isco, que tem vindo a exibir-se a um nível altíssimo, emerge como principal novidade. O trajeto na fase de apuramento – nove vitórias e um empate em dez jogos – restituiu o ânimo aos adeptos, que acreditam que a ‘fúria’ poderá repetir os êxitos de 2008, 2010 e 2012. A capacidade para se imiscuir com Alemanha e Brasil na luta pelo cetro mundial deverá passar por congregar um avançado que se encaixe na ideia de jogo, onde a admirável qualidade no lote de médios e a segurança defensiva vão fazendo a diferença, assim como pela sagacidade de Lopetegui não ligar o complicómetro nos momentos de maior pressão. Apesar de o duo ibérico assumir total favoritismo na passagem à segunda fase, Marrocos e Irão não devem ser olhados como sacos de pancada. A seleção de Carlos Quei- roz sobressai pelo processo defensivo coriáceo e pela argúcia a jogar nos erros dos rivais, algo que será mais árduo numa dimensão tão elevada. Já os leões do Atlas namoram permanentemente o futebol enleante, valorizando a qualidade técnica acima da média dos seus criativos. Faltar-lhes-á, contudo, uma maior consistência defensiva, o que tem levado Hervé Renard, bicampeão da CAN por Zâmbia e Costa do Marfim, a testar uma estrutura com três centrais. *