Um sonho possível
As minhas primeiras recordações do Campeonato do Mundo foram quase sem Portugal. Do México’86 (os lusos estiveram lá, mas não chegaram longe) e do Itália’90. Da Argentina de Maradona. Seguiram-se os Estados Unidos, em 1994, com Romário e Bebeto a elevarem o Brasil à condição de tetra, perante as lágrimas de Roberto Baggio, até ao França’98 de Zidane. Eram os tempos em que os portugueses tinham de apoiar outra equipa e vibrar, apenas, com jogadores estrangeiros.
O Mundial não tinha um mau sabor por causa dessa ausência (nunca tem...), mas tudo mudou e tornou-se mais saboroso a partir daí. Desde 2000 que Portugal não falha a fase final de uma grande competição. Já são 18 anos de campa-
É TÃO JÁ NÃO PRECISAMOS DE TORCER PELO BRASIL OU PELA ARGENTINA
nhas que fizeram o país sonhar e outras em que o sonho deu lugar à deceção. Mas sempre com as cores da Seleção presentes. E em 2016 até nos sagrámos campeões da Europa, numa conquista que já tinha estado perto, mas que parecia sempre tão longe.
Pela primeira vez, Portugal chega a um Mundial com esse rótulo. A equipa campeã da Europa. Uma das melhores do Mundo. Pode não ser favorita, mas é candidata, como diz Fernando Santos. Na chegada à Rússia, o selecionador partilhou o sentimento do grupo: “Estamos desejosos por começar.”
Um entusiasmo que se alarga ao país inteiro. Muitos já anseiam pelo próximo dia 15 e por essa estreia contra a Espanha. Uma das melhores seleções da prova... tal como Portugal. Pode ser esse o primeiro episódio de mais um belo sonho do futebol lusitano. E é tão bom saber que já não precisamos de torcer pela Argentina ou pelo Brasil.