VERTICALIDADE CHARRUA E SAL(AH)
Com dois triunfos nos 12 últimos jogos, a Rússia, o país anfitrião com o ranking FIFA mais baixo da história, aborda a prova mergulhada num oceano de incertezas e com uma pressão imensa que se adensa nos parcos argumentos futebolísticos que vem a patentear. Presa a medidas protecionistas, que fazem com que 21 dos 23 convocados atuem na liga russa, onde salários milio- nários conduzem ao comodismo, a seleção da casa, orientada por um contestado Cherchesov, procura, à última hora, uma mudança estrutural – regresso a uma defesa a quatro com reforço do meio-campo – que contraria todo o trabalho dos últimos dois anos, a partir de uma estrutura com três centrais. Um mau augúrio. Num grupo com seleções que se sentem mais confortáveis nos contraataques e ataques rápidos, o Uruguai assume favoritismo. Mesmo presos a um ideário de luta, agressividade e verticalidade extremas, os charruas ganharam criatividade no meio-campo e con- tam com uma dupla de ataque letal: Suárez e Cavani. No meio das incertezas russas e do futebol algo naïf da Arábia Saudita, poderá emergir a surpresa Egito. Contudo, a maior potência do futebol africano – sete títulos continentais – ainda busca o primeiro triunfo num jogo de um Mundial. Após uma década conturbada, em que a instabilidade política paralisou o futebol, a proposta ultradefensiva de Cúper tem prolongamento ofensivo num fora de série: Salah. Resta saber se o prodígio faraó, após a lesão na final da Champions, poderá surgir no seu melhor nível. *
Face às incertezas russas e ao futebol algo naïf dos sauditas, o Egito pode acompanhar o Uruguai