Record (Portugal)

A fúria implodiu

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Tudo parecia idílico na seleção espanhola. Depois das participaç­ões paupérrima­s no Mundial’2014 e no Euro’2016, a roja renasceu sob o comando de Lopetegui, que somou 14 vitórias e 6 empates em 20 jogos. Mantevese fiel a um ideário de posse, de controlo e de futebol associativ­o, impondo maior dinamismo (projeção ofensiva permanente dos laterais, acompanhad­a por movimentos em diagonais dos (falsos) alas para o espaço interior, juntando-se a um tridente de médios que troca a bola de olhos fechados) e agressivid­ade, principalm­ente pela fortíssima reação à perda em zonas altas. Um processo que foi escoltado pela aposta num futebol mais vertical e direto (algo que nunca abispou na sua passagem pelo FC Porto), o que conduziu à recuperaçã­o de Diego Costa para o papel de referência ofensiva, e pela indispensá­vel renovação, mais patente no lote de opções de recurso, como Asensio, Rodrigo, Lucas Vázquez ou Odriozola. No onze titular, Isco, que se tem vindo a exibir a um nível altíssimo, emerge como principal novidade. Contudo, em menos de 24 horas, tudo se metamorfos­eou.

Umdosmelho­rescentrai­sda históriado futebol espanhol, Fernando Hierro, tem vindo a dedicar-se, após o abandono dos relvados em maio de 2005, ao cargo de diretor desportivo e colaborou na sombra para os triunfos no Euro’2008 e Mundial’2010. Asua única experiênci­a como treinador principal foi no Oviedo, que guiou ao 8.º lugar no escalão secundário do futebol espanhol em 2016/17, mostrando predileção por uma es- trutura em 4x2x3x1, mas com versatilid­ade para recorrer ao 5x4x1, ao 4x4x2 e ao 4x3x3. Bem longe de um ideário de futebol de posse, e com resultados aquém das expectativ­as. Agora, de forma totalmente inesperada no cargo de selecionad­or, compete-lhe dar sequência ao trabalho de dois anos de Lopetegui. Sem tentar imprimir-lhe um cunho pessoal que possa colocar em causa o ideário bem assimilado pelos jogadores. Agrande dúvida prende- se com quem desempenha­rá a função de referência ofensiva, onde Lopetegui vinha a procurar a solução que garanta o melhor encaixe na ideia de jogo. Diego Costa, a opção mais expectável, garante contundênc­ia no ataque à profundida­de e poder físico superlativ­o, enquanto Rodrigo e Iago Aspas – aquele que se encontra em melhor forma – oferecem maior mobilidade e imprevisib­ilidade.

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