Record (Portugal)

Portugal está pronto, e Espanha? A IMPENSÁVEL BALBÚRDIA DAS ÚLTIMAS 72 HORAS EM TORNO DE LOPETEGUI DEU UM SINAL DE AMADORISMO QUE É DIFÍCIL DE ENTENDER NUM PAÍS QUE DOMINA O FUTEBOL EUROPEU A NÍVEL DE CLUBES HÁ VÁRIOS ANOS

-

Espanha chegou à Rússia como um dos grandes favoritos à vitória no Mundial, mas a impensável balbúrdia das últimas 72 horas deu um sinal de amadorismo que é difícil de entender, num país que domina o futebol europeu a nível de clubes há largos anos. Ora, esse talvez seja o ponto. Apesar da grande qualidade (e dos resultados) da seleção, em Espanha os clubes estão sempre em primeiro e o Real Madrid, num velho tique franquista, sente-se por cima de tudo e de todos, incluindo a equipa nacional.

O convite à socapa ao selecionad­or e a aceitação por parte deste, resolve o problema do Madrid (a ver vamos, porque não sei se Julen Lopetegui é assim tão extraordin­ário ...), mas causou um enorme dano à seleção, criando um ruído que expôs o futebol espanhol ao ridículo. Em Portugal temos todas as desgraças conhecidas, mas uma situação desta natureza não seria possível.

Em Espanha a crítica especializ­ada em torno do futebol é feroz, embora muito qualificad­a. Os ecos das discussões, de Madrid a Barcelona, terão forte impacto no estágio da equipa, mesmo que se diga o contrário. Os jogadores espanhóis são muito experiente­s, mas não vale a pena pensar que o que aconteceu é como se não tivesse acontecido. Pode a equipa querer dar um sinal de que está ainda mais forte e unida perante semelhante estupidez? Talvez, pode é não conseguir.

O novo presidente da Real Federação Espanhola mostrou coragem num meio onde se esperaria mais que tivesse respeitinh­o pelo Real Madrid. Gerir a saída de Lopetegui pareceria sempre a quadratura do círculo, mas nem esse exercício foi permitido a Luis Rubiales. O selecionad­or quis o melhor de dois mundos. Não era possível estar a tratar da equipa na- cional e ao mesmo tempo andar ao telefone, madrugada dentro, a definir os reforços para derrotar o Barcelona no próximo ano. Mostrou ser um homem de duvidoso caráter. No mínimo.

Portugal esteve bem em toda a questão. Ela não é nossa. Tal como tem gerido exemplarme­nte os delicados casos das rescisões no Sporting e até o futuro incerto de Ronaldo, que, já agora, pode partilhar agente com Lopetegui, mas talvez não partilhe muito mais coisas.

Em todas as grandes competiçõe­s há jogadores com futuro

indefinido, aqui não é diferente. A questão da mudança do sele- cionador, amanhã ainda vai estar na ordem do dia. Outro treinador talvez a usasse a seu favor nos conhecidos mind games, mas não parece ser o estilo de Fernando Santos, o que não faz dele nenhum menino de coro. Um dado parece certo: todo o seu tempo tem sido ocupado a preparar o jogo.

 ??  ?? AFIRMAÇÃO. O presidente da Real Federação Espanhola, Luis Rubiales, mostrou coragem num meio onde se esperaria mais que tivesse respeitinh­o pelo Real Madrid
AFIRMAÇÃO. O presidente da Real Federação Espanhola, Luis Rubiales, mostrou coragem num meio onde se esperaria mais que tivesse respeitinh­o pelo Real Madrid

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal