Uma equipa de um jogador – e isso dá para sonhar
1 O empate diante de um dos candidatos, como a Espanha, muda o estatuto de Portugal neste Mundial?
Não. Portugal foi ontem aquilo que quase toda a gente espera que seja: a equipa de um jogador. Se Cristiano Ronaldo é absolutamente decisivo numa constelação como o Real Madrid, imagine-se numa equipa sem tantas estrelas. Portugal continuará por isso a ser um ‘outsider’, atrás dos principais candidatos, mas enquanto tiver Cristiano Ronaldo – este Cristiano Ronaldo – está autorizado a sonhar. Porque um ‘animal’ competitivo desta dimensão, com esta qualidade, mais nenhuma equipa tem.
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Fernando Santos fez bem em apostar em Bruno Fernandes e Gonçalo Guedes de início?
Fez sentido. Bruno Fernandes jogou sobre a esquerda e foi uma importante ajuda a fechar o flanco, impedindo Koke e David Silva de ficarem em superioridade numérica sobre Raphaël Guerreiro. Quanto a Guedes, o plano era óbvio: velocidade nas transições ofensivas para obrigar a Espanha a baixar o bloco e a deixar mais homens recuados. Ambos, em especial Guedes, tremeram um pouco, com algumas más decisões com bola.
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Portugal praticamente abdicou da bola durante grande parte do tempo. Porquê?
Acima de tudo, por mérito da Espanha, sempre muito rápida a reagir à perda de bola, com um futebol muito apoiado, em especial do lado esquerdo, com Iniesta, Isco e Jordi Alba a combinarem muito bem. O facto de estar em vantagem desde muito cedo, também permitiu a Portugal preocupar-se mais em fechar o espaço entre linhas e procurar saídas rápidas.
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O que explica a fraca entrada de Portugal na segunda parte?
Na verdade, o jogo não foi muito diferente do que havia sido durante grande parte dos primeiros 45 minutos. A Espanha continuou a dominar e acabou por marcar de forma relativamente inesperada: numa bola parada, em lance pelas alturas (Busquets mais rápido e mais forte do que Guedes) e num remate fabuloso (e raro) de Nacho, o ‘patinho feio’ do onze titular de ontem.
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Fernando Santos mexeu bem quando ficou a perder?
Trocou ambos os alas mal se viu a perder, possivelmente à espera de um golpe de génio de Quaresma, que ainda ameaçou. André Silva era uma aposta óbvia, mas era difícil pedir-lhe mais do que aquilo que fez. Desde que não tirasse Ronaldo, estava tudo bem.