Record (Portugal)

“JOGADORES TÊM SIDO ARMAS DE ARREMESSO”

Quase com 38 anos, o guarda-redes aceitou o desafio no Al Taawon, na Arábia Saudita. Na despedida, assegura que leva o Rio Ave no coração e alerta para a importânci­a da evolução dos dirigentes em Portugal

- TEXTOS ANDRÉ FERREIRA

Deixa o Rio Ave, uma equipa que represento­u nas últimas quatro épocas. O que recorda desta passagem por Vila do Conde? CÁSSIO – Deixo o Rio Ave numa situação boa. Quando cheguei, há quatro anos, o Rio Ave estava nas pré-eliminatór­ias da Liga Europa. E quando saio deixo o clube na mesma situação. Levo o Rio Ave no coração. As amizades, as pessoas, a forma como fui tratado no clube. Fui muito ajudado e tentei sempre, em prol do clube, dar o meu melhor. Saio com a consciênci­a tranquila de que fiz sempre tudo para ajudar o clube Que análise faz à última época?

C –Fizemos um bom trabalho. Espero que o Rio Ave tenha muito sucesso na próxima época. A temporada que terminou foi a melhor que fez em Portugal?

C – Foi um ano de evolução. Mas não se pode reduzir o mérito ao que foi trabalhado neste último ano. Acredito que o Rio Ave tem crescido ao longo dos anos e tivemos treinadore­s que exigiam esta metodologi­a de jogo. O Pedro Martins era mais vertical, mas depois foi o Capucho, o Luís Castro, que incentivav­am este tipo de jogo, de posse. Com o Luís Castro ficámos fora da Europa por apenas um ponto e isso não quer dizer que não tenha sido uma época boa. Mas agora no fim, com o Miguel Cardoso, havia um futebol mais atrativo, mais de posse de bola, mais dominador. E a nível pessoal, este modelo obrigou-o a quê?

C – Tive de ir à procura daquilo que o jogo nos pedia. Jogar mais com os pés, estar mais dentro do jogo. Acabou por ser um desafio aos 37 anos?

C – Sim, foi um desafio grande. Mas tenho de dar mérito a quem de direito. Trabalhámo­s muito com o treinador de guarda-redes, o César Gomes, essas condições do jogo e que me exigiram muito esforço, mas que no final acabou por ser recompensa­do.

Uma época na qual o Cássio é envolvido em polémica. Como ultrapasso­u esse momento? C – Eu não posso falar muito disso, porque está em segredo de justiça. Mas ultrapassa-se com tranquilid­ade. Quando não se deve, não se teme. Mas tive ajuda do clube, dos jogadores, do staff e da estrutura do Rio Ave. Também os adeptos sempre me acarinhara­m. Temos de nos manter serenos. Os jogos são ao domingo, mas o trabalho durante a semana dá a força para conseguir desempenha­r bem o papel. Sempre tentei estar o mais tranquilo possível, sempre focado no mais importante, que era o que se passava dentro do campo, não no que se passava fora do relvado.

Após dez anos de carreira no nosso país, que análise faz ao futebol português no momento em que decidiu mudar de rumo?

C – É um futebol muito tático, muito rico. Cresci como homem, como jogador, aprendi a jogar futebol e a ler futebol. É o atual campeão Europeu, tem dos melhores treinadore­s do Mundo, tem grandes clubes e o melhor jogador do Mundo, junto com Messi. É preciso equilibrar. Os três grandes vão continuar a ser os

três grandes, os mais fortes. Quando a balança equilibrar, vai ser melhor para o futebol português. Os dirigentes em Portugal ainda deixam a desejar. Enquanto não acontecer isso, vai haver muita arma de arremesso. Ultimament­e os jogadores são isso mesmo, uma arma de arremesso. Um arma na mão de pessoas que não têm vontade de fazer o futebol crescer. Só há interesses próprios, e isso não é bom . Os jogadores são vítimas disso. *

“TENTEI ESTAR SEMPRE O MAIS TRANQUILO POSSÍVEL E FOCADO NO QUE SE PASSAVA DENTRO DO CAMPO E NÃO FORA”

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CÁSSIO

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