Record (Portugal)

PESADELO ATÉ ASSUSTOU EMBAIXADOR

- FRANCISCO LARANJEIRA E RUBEN TAVARES

ÚNICO CONFRONTO COM MARROCOS FOI HÁ 32 ANOS Empate servia às duas seleções no México’86. Mas Portugal acabou derrotado por 3-1

Marrocos é o rival que se segue na Rússia, mas na memória dos amantes da Seleção está o desastre do Mundial do México, em 1986, quando uma derrota inesperada por 3-1 frente aos africanos remeteu a Seleção Nacional de volta a Lisboa – e o embaixador português em ‘fuga’ no final da partida. “Entrou no balneário mas o ambiente estava bravo, estávamos ‘cegos’... saiu logo de seguida”, lembrou o defesa Morato. Para Sobrinho, o desastre em Guadalajar­a foi “uma tempestade que estava escrito que iria acontecer”. Sem memória do passado não há futuro, pelo que Record convi

seis elementos da Seleção de José Torres a reviverem aqueles 90 minutos fatídicos, mesmo com um arranjo sugerido pelo brasilei-

AMBIENTE NO BALNEÁRIO NO FINAL ERA TÃO PESADO QUE O EMBAIXADOR PORTUGUÊS SAIU POUCO DEPOIS DE ENTRAR

dou

ro José Faria, selecionad­or marroquino, por um empate que servia as duas seleções... Álvaro Magalhães reconhece que “ninguém aceitou qualquer ‘arranjo’”. “Faltámos ao respeito a Marrocos, pois pensávamos que era fácil. Estivemos apáticos e indiscipli­nados taticament­e”, admite. Rui Águas ainda hoje carrega na memória a instabilid­ade na Seleção. “Dentro do frágil ambiente que vivíamos, fomos para jogar e regressar a Lisboa. A partida foi numa cidade diferente e não tínhamos apoio.” Quanto ao ‘pacto’, “ninguém o considerou”, garante.

O defesa Sobrinho vai mais longe e fala da sofreguidã­o nacional, reconhecen­do a tentativa de ar-

ranjo. “Nós não confiámos. Já ninguém acreditava em ninguém e achámos que era conversa, para nos prejudicar ainda mais”, recorda. “Queríamos acabar o jogo rapidament­e, entrar e marcar logo. Fomos muito rápido ao pote”, relembra. Ficou no banco, donde “saía todo o apoio à equipa”. Ao intervalo, o selecionad­or José Torres estava confiante. “Vamos levantar a cabeça, o que eles nos fizeram em 45 minutos podemos fazer também”, dizia. Do desastre mexicano, Sobrinho relembra os “amigos de Setúbal” que encontrou na bancada. “Nessa altura era invulgar viajar-se para apoiar a Seleção”, lembra. Titular no meio-campo nacional, António Sousa sabia que Marrocos “era uma equipa mais fraca”, tal como Jaime Magalhães, que acredita “que mesmo com mais 90 minutos Portugal não teria marcado”. Morato, um dos benjamins nacionais, a par de Futre, reconhece, sem pudor: “Eles jogavam de caraças e levámos um banho de bola naquele sintético. A viagem para o hotel foi um pesadelo sem fim.” Este foi o único jogo com Marrocos da nossa história, pelo que temos oportunida­de de escrever toda uma nova – e bem melhor. *

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